Pelo menos 45,9% das famílias residentes na RMC (Região Metropolitana de Campinas) estão endividadas, com carnês, boletos, cheques e notas promissórias em atraso no SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). Os números são da Acic (Associação Comercial e Industrial de Campinas).
A quantidade de famílias em dificuldades com as dívidas sofreu uma ligeira alta em 2018 em comparação com o ano passado, quando o número de famílias nessa situação era de 45,1%.
Nas 20 cidades da RMC, segundo o levantamento, são 3.168 milhões de habitantes, que formam 931,8 mil famílias. Dessas, quase meio milhão de famílias (427,7 mil) estão endividadas. O total das dívidas alcança R$ 662,9 milhões, o que dá cerca de R$ 1.550,00, por núcleo familiar.
O estudo é realizado sobre o total de carnês e boletos constantes no SCPC, nos últimos cinco anos, que não foram pagos até 30 de junho. O tipo de dívida é relativo ao total de compras a prazo, feitas no comércio varejista, mediante a emissão de carnês, boletos, cheques pré-datados, notas promissórias, e que não são pagos no prazo de vencimento.
Em Campinas, 46,5% das famílias estão endividadas. “Destacamos, atualmente, que no total da população de 1.191,4 milhão de habitantes, temos 350,4 mil famílias em números absolutos, onde 162,9 mil famílias estão endividadas. O total desse endividamento é de R$ 252,4 milhões, cerca de R$ 1.550,00 por família”, diz a Acic em comunicado.
DESEMPREGO
Para Francisco Crocomo, professor de Economia da Unimep, da EEP (Escola de Engenharia de Piracicaba) e da Fatep (Faculdade de Tecnologia de Piracicaba), o problema é o desemprego. “As pessoas ficam desempregadas e acabam não pagando as dívidas contraídas anteriormente. Isso é de se esperar. Muita gente estava dizendo que isso ia estabilizar, que a situação ia melhorar, mas não melhorou. A taxa de desemprego de três, quatro anos atrás, aumentou e muito”, explica.
“Antes tinha muito crédito, as pessoas consumiam, mas de repente as pessoas perderam o emprego ou tiveram a renda diminuída. Não conseguem ou têm que escolher o que pagar”.
Ele ainda explicou que por conta do desemprego muita gente está na informalidade ou virou MEI (Microempreendedor Individual). “Falta emprego formal e, por conta até da reforma trabalhista, muita gente está empregada, mas com uma diminuição de renda. Para melhorar precisa estabilidade política, aumento da produção e expectativa de crescimento para que os empresários invistam”, avalia.