O número de acidentes na Rodovia Luiz de Queiroz (SP-304) aumentou 36,6% entre janeiro e junho de 2025, em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 250 ocorrências registradas neste ano, contra 183 em 2024. A média mensal passou de 31 para 42 casos, de acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-SP).
Para reforçar a segurança, o DER deve colocar em operação 29 radares de controle de velocidade, já instalados, ao longo da SP-304. Segundo o departamento, até o fim de maio já haviam sido instalados 337 radares em rodovias não concedidas do estado, conforme o edital nº 145/2023.
Os aparelhos estão em fase de testes operacionais, que devem durar 45 dias a partir de 1º de junho, seguidos de um processo de homologação de até 60 dias. Durante esse período, não haverá aplicação de multas.

Em Americana, os dispositivos estarão nos km 121,2; 126,3; 127,4; 128; e 131,2 (dois sentidos), todos com limite de 80 km/h, menor do que os equipamentos que a rodovia já possuiu.
Em Santa Bárbara d’Oeste, os equipamentos ficarão nos km 133,4; 134,3; 137,5 (limite de 80 km/h) e no km 143,4, com limite de 110 km/h para veículos leves e 90 km/h para pesados.
Piracicaba terá quatro radares nos km 150,2; 152,7 (110 km/h e 90 km/h), e nos km 167,5 e 168 (70 km/h, em ambos os sentidos).
Os demais equipamentos serão instalados em Jaú (2), Bariri (2), Itaju (3), Ibitinga (3), Novo Horizonte (2) e José Bonifácio (1).

Para o especialista em projetos viários Creso de Franco Peixoto, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, o traçado da SP-304 favorece o aumento no fluxo de veículos.
“O modelo arco-íris, desenvolvido pela Unicamp, mostra que há uma relação entre o desenho da estrada e o risco de acidentes. No caso da SP-304, o traçado é suave, com rampas, trechos de aceleração e curvas sem raios muito reduzidos. Isso atrai maior volume de tráfego e, mantendo-se o mesmo comportamento dos motoristas, mais acidentes acontecem”, explica.

Peixoto também relaciona o cenário ao crescimento econômico. Dados da Fundação Seade indicam que o produto interior bruto (PIB) paulista cresceu 1,9% no primeiro quadrimestre de 2025, puxado pelos setores de agropecuária (alta de 7,8%) e serviços (3,1%).
“A atividade econômica tem impacto direto no tráfego rodoviário. Quando a economia melhora, há aumento na movimentação de veículos, o que pode refletir em mais acidentes”, avalia Creso.
Mesmo com a instalação de radares, conhecidos como traffic calming (medidas de moderação de tráfego), ainda é possível observar o chamado “repique de velocidade”. “O motorista reduz no ponto do radar, mas logo depois volta à velocidade anterior.”

Segundo o especialista, o fator central nos acidentes continua sendo o comportamento do condutor. “É o excesso de velocidade e a falta de tempo de reação em situações que exigem manobras rápidas que provocam grande parte dos acidentes.”
Para ele, a função da multa é justamente desestimular esse comportamento “quando se estabelece uma multa ao motorista, qual é o objetivo? É fazer com que ele tenha medo de ser flagrado. Isso é algo mundial: o medo de ser pego, de ter que pagar quantias altas de dinheiro e, pior ainda, perder a carteira. Mas isso é importante para que ele viva mais, mesmo que haja descontentamento ou até ódio por parte de alguns motoristas quando isso acontece.”