quinta-feira, 18 abril 2024

Alta nos preços pressiona até pão francês

 Em padarias de Americana e Santa Bárbara, onde valor vem subindo desde outubro, variação pode chegar a 35%

Nem pãozinho escapa | Trigo, principal ingrediente do pão francês, e que é em boa parte importado, subiu 35% (Foto: Divulgação)

A variação do preço do pão francês nas padarias de Americana pode chegar a até 35%. Na vizinha Santa Bárbara d’Oeste o item tradicional da cesta de alimentos do brasileiro apresenta oscilação de 20%. O levantamento foi feito entre 20 padarias, 10 de cada uma das cidades, pela reportagem do TODODIA. O valor final do produto cobrado ao consumidor tem apresentado aumento desde o início de outubro. De acordo com o economista Paulo Oliveira, do Observatório da PUC-Campinas, o encarecimento é resultado do aumento do preço do trigo, principal ingrediente da massa, que teve alta de 35%.

Em Americana o preço mais alto encontrado foi no Jardim São Paulo, onde o pãozinho sai por até R$16,90 o quilo. Já o preço mais baixo foi registrado no Jardim Ipiranga, R$ 10,90.
Segundo a funcionária de um dos estabelecimentos, Camila Leme, houve uma queda no consumo do produto durante a pandemia, mas as vendas já voltaram a normalizar. Ela explica que tem conseguido manter o preço praticado há mais de um ano. “Tentamos fazer de tudo para não repassar o preço para o consumidor, mas o custo de produção tem aumentado muito. Energia elétrica e farinha principalmente”, diz.
“O nosso pão aumentou R$ 1 real por conta dos custos de produção. O pessoal compra menos que antes da pandemia e conseguimos manter o preço transferindo o custo para o preço de outros produtos que não são tão tradicionais quanto o pãozinho”, afirma Heloiza Cristina Ferreira, funcionária de uma padaria no bairro Jaguari.
Nos bairros Frezzarin, Vila Isabel, Vila Amorim, Cidade Jardim I e Antonio Zanaga os preços variam entre R$ 12,50, R$ 13,90 e R$ 14,90.
Em Santa Bárbara, o preço mais alto encontrado foi na área central, onde o quilo do pão chega a custar R$ 14,90. Já o preço mais baixo é de um estabelecimento do Jd. Laudissi, R$ 11,90.
“Os produtos derivados de trigo, ou seja, todas as massas e preparações feitas com o insumo, inevitavelmente tiveram um aumento porque a principal matéria-prima teve aumentos. O Brasil é muito dependente da importação. Por questões climáticas, não produzimos um trigo de boa qualidade e em quantidade suficiente, o que gera uma dependência da importação da Argentina, Estados Unidos e Canadá”, explica o economista.
De acordo com Oliveira, o valor do produto deve se estabilizar apenas na próxima safra. “Um pouco também é efeito da pandemia, que desregulou mercados que estavam em equilíbrio de oferta e demanda, gerando esse impacto temporário. Deve se ajustar, mas é preciso esperar uma safra inteira, como aconteceu com o arroz”, diz.

A dica do economista para economizar é substituir os produtos feitos com trigo pelos que levam outros ingredientes, como milho e batata. “É comum o consumidor ter resistência em alterar o consumo de alguns bens. No caso do Brasil, o pão francês, a carne bovina e o feijão são culturalmente muito presentes na cesta de consumos de alimentos. Mas temos produção de pães que independem do trigo, como o pão de milho e outras farinhas. Nesse momento essa troca pode ser benéfica para o orçamento familiar.” 

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