Quem sonha em ter o próprio negócio pode encontrar dificuldades em manter financeiramente um espaço físico. Com a possibilidade de minimizar os custos e oferecer aos clientes diversos produtos em um único lugar, surgem os estabelecimentos coletivos.
Novidade em Americana, a primeira loja colaborativa da cidade é uma surpresa para artesãos e clientes. Inaugurada há quatro meses, a “Casa Flor” conta com peças e criações produzidas em Americana, Campinas, Piracicaba e São Paulo.
Assim como o próprio nome sugere, a loja é uma casa. Em quatro cômodos, os clientes encontram produtos de variados segmentos como moda, acessórios, objetos para decoração, itens de cozinha, papelaria, peças para crianças e sabonetes naturais.
“A nossa intenção é oferecer aconchego. Quem entra aqui, se sente acolhido”, explica a curadora da Casa Flor, Adriana Antunes. De Americana, a empresária colocou em prática a ideia que surgiu assim que montou a própria marca.
Quando começou a produzir roupas, ela viu a possibilidade de estender os negócios até São Paulo. Ao participar de feiras na Capital, descobriu as lojas colaborativas. “Mesmo de forma coletiva, eu tinha muitas despesas para ir até lá renovar o estoque, por exemplo. Sentia falta disso em Americana, já que ainda não tinha condições de ter a minha loja”, destaca.
A partir dessa experiência, Adriana idealizou a Casa Flor. Ela conta que o plano inicial era reunir dez expositores que pudessem subsidiar o projeto com um valor pago mensalmente. “A receptividade foi tão grande que hoje a gente tem fila de espera”, vibra. A loja já conta com 24 artesãos.
NA WEB E NA CASA
Também de Americana, Caroline de Castro Guimarães trabalha como biomédica em um laboratório de análises clínicas. Há pouco tempo, ela e o marido começaram a investir na produção de azulejos criativos. A princípio, os artigos eram comercializados pela Internet. Ao descobrir a oportunidade de ter um espaço para vendas físico, o casal prontamente abraçou a proposta.
Para Caroline, a manutenção de um espaço exclusivo é inviável por conta dos altos custos. Já na loja colaborativa, como diferencial, ela destaca o preço, o suporte e a possibilidade de troca de experiências entre os artesãos. “As redes sociais funcionam como vitrine do nosso trabalho. Mas o fato de permitir que o cliente entre em contato com os azulejos e manuseie as peças fazem com que o encantamento seja imediato”, revela.
De acordo com o vice-presidente do Corecon (Conselho Regional de Economia) de São Paulo, Eduardo Velho, as lojas colaborativas impactam positivamente a economia. “As vendas em cooperação reduzem custos, aumentam a produtividade, facilitam a transação e independem da figura do intermediador”, explica.
Segundo ele, tais medidas contribuem, ainda, para a oferta de produtos com preços mais acessíveis e competitivos. “A loja disponibiliza variedade e também atrai públicos heterogêneos”, declara.
Cliente, a funcionária pública aposentada Áurea Gimenes aprovou a iniciativa. “Acredito que a loja seja uma tendência e fico feliz por encontrar trabalhos tão especiais”, avalia.
BENEFÍCIOS
Tendo a colaboração como modelo de negócio, a curadora da Casa Flor acredita que a tendência é fazer parcerias. “Quanto mais gente no negócio, mais visibilidade você terá”, revela Adriana.
Para Caroline, a loja abre muitas portas. “Quem vem aqui, mesmo que seja para comprar algo específico, descobre outras novidades e leva peças de outros colegas”, comemora. Além disso, a expositora enfatiza a não preocupação com pagamento de aluguel, energia, água e funcionário. “Assim, a gente foca somente na produção.”
PROJETOS
Com a intenção de ampliar o espaço, de promover feiras e encontros ao ar livre, Adriana acredita que as novidades vão permitir que mais pessoas conheçam a loja colaborativa.
Um dos planos é a oferta de oficinas de artesanato. Para início das atividades, haverá aulas com técnicas de crochê e saboaria. “De repente, quem sabe, um de nossos alunos vira expositor também”, vislumbra.