Em meio à natureza, existe um universo silencioso, organizado e essencial para a vida na Terra: o das abelhas sem ferrão. Apesar do tamanho reduzido e da ausência de ferrão, essas espécies têm um papel gigante na preservação ambiental, na produção de alimentos e no equilíbrio dos ecossistemas.
Sustentabilidade com sabor
Com as mudanças climáticas e a ameaça à biodiversidade, iniciativas como a criação de meliponários ganham espaço ao unir sustentabilidade, educação e produção de mel.
É o caso de Adriana e Wellington, casal apaixonado pela natureza que se dedica à preservação de espécies nativas.

Um meliponário urbano com 14 espécies
O espaço abriga 14 espécies diferentes, entre elas jataí, uruçu, canudo, borá, iraí e lambe-olhos. “O trabalho começou com meu pai e virou um projeto de amor à natureza e educação ambiental”, conta Wellington.
Registro e respeito à fauna
Todas as colmeias são registradas em órgãos ambientais como GFAO, GDAV e IBAMA. Até espécies de outros biomas, como a uruçu nordestina, são mantidas legalmente para estudos de adaptação.

Essenciais para a vida
As abelhas sem ferrão garantem a polinização de plantas nativas, ajudando na reprodução vegetal e na formação de frutos e sementes.
Na agricultura, são fundamentais para culturas como tomate, morango, goiaba e café. Sem elas, muitas espécies estariam em risco de desaparecer.

Espécies ameaçadas e a meliponicultura
Algumas espécies, como a lambe-olhos (a menor abelha do mundo) e a uruçu nordestina, já estão em extinção na natureza. A meliponicultura, com a reprodução em cativeiro, ajuda na multiplicação dos enxames e preservação dessas espécies.
Um mel raro e valioso
O mel produzido é considerado medicinal e de alto valor comercial.
Apesar de render apenas 600 a 800 ml por ano – contra até 30 kg das abelhas com ferrão –, pode custar até R$ 700 o quilo. Três espécies se destacam na produção: jataí, mandaguari-preta e borá.
Técnicas e cuidados
A extração é feita com um sugador elétrico, garantindo a saúde dos enxames. Algumas espécies, como a uruçu nordestina, recebem suplementação com mel de abelhas africanizadas no inverno, época de escassez.
Adaptação, paciência e muito carinho
O projeto foi construído com anos de dedicação, adaptações constantes e aprendizado. A convivência de várias espécies exige cuidados com a disposição das colmeias, respeitando o comportamento de cada uma.
“Tem espécies mais defensivas, então pensamos em cada detalhe para manter todas saudáveis e em harmonia”, explica Adriana.
Alimentação durante o inverno
Algumas espécies, como a uruçu nordestina, consomem muito alimento e precisam de suplementação no inverno, época de escassez. Para isso, o casal oferece mel de abelhas africanizadas, garantindo a sobrevivência das colmeias durante os meses mais secos e frios.
Conheça algumas espécies do meliponário
Lambe-Olhos: menor abelha do mundo, em extinção; foco do trabalho de reprodução.
Mocinha Preta: não produz mel para venda, mas é reproduzida para preservação.
Mandaçaia: espécie grande e dócil do bioma paulista; ideal para ter em casa.
O nome “Mandaçaia” vem do tupi-guarani e significa “vigia bonito”, em referência à abelha que guarda a entrada da colmeia.
Educação ambiental para todas as idades
Mais do que produzir mel, Adriana e Wellington também se dedicam à educação ambiental. O meliponário recebe visitas de escolas e famílias, funcionando como uma sala de aula ao ar livre, despertando o interesse e respeito pela natureza desde cedo, “Quando as crianças conhecem as abelhas nativas, elas aprendem a respeitar e proteger desde pequenas”, afirma Adriana.
Proteger abelhas é proteger o futuro
As abelhas sem ferrão vão muito além da produção de mel. Elas são fundamentais para a preservação das florestas, a produção de alimentos e a manutenção da vida no planeta.
O trabalho de meliponicultores como Adriana e Wellington prova que é possível produzir, preservar e ensinar ao mesmo tempo, promovendo um futuro mais sustentável e consciente.