Na última sexta-feira (23), ex-alunas da Escola Técnica Polivalente de Americana trouxeram orgulho e representatividade para a escola e para o curso técnico em edificações. As jovens participaram do evento “Para Todas”, em celebração ao Dia Internacional das Mulheres nas Engenharias organizado pelo CREA-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo) apresentando uma palestra sobre o Projeto Bioconcreto.
Desenvolvido em 2022 pelas alunas Letícia Percio, Livia Colossal e Maria Clara Trindade, durante o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), o “Projeto Bioconcreto” desenvolveu a criação de um concreto autorregenerativo utilizando a batéria Bacillus subtilis – encontrada em rios e lagos no Brasil.
Segundo explicado pelas alunas, a bactéria, quando houverem fissuras, com o projeto de molhagem acaba acontecendo a regeneração do concreto.
Com o sucesso e diversas premiações que as alunas tiveram no decorrer dos meses de produção, o CREA-SP busca estudar pagar para patentear o projeto e ajudar junto a engenheiras presentes a encontrar empresas interessadas na compra do produto – a engenheira da Ambev, empresa de bebidas, já encaminhou para empresa a solicitação da compra do projeto.
Em entrevista à Rede TODODIA, as alunas Letícia e Lívia, explicaram sobre o projeto e pela emoção das proporções que ele vem tomando. Por meio de tantas ideias discutidas entre as alunas junto aos orientadores, um projeto sustentável foi o que mais chamou a atenção.
Para Letícia, o que chamou a atenção para a escolha foi a junção de ajuda em obras futuras e ao mesmo tempo, ao meio ambiente. “Quando você tem um concreto convencional, você vai precisar fazer reparos e manutenções na obra. Você vai usar muito cimento, assim, emitindo CO2 para a atmosfera”, afirma Letícia, destacando que com a utilização do bioconcreto, essa emissão e esses descartes diminuem a queima desses compostos que poluem o meio ambiente.
A boa desenvoltura trouxe às aulas o 2º lugar na premiação Febrace na categoria de engenharias. É uma experiência única” afirma Leticia sobre a experiência “a gente brinca que a gente não esperava, porque é um projeto que saiu de uma sala de aula, e agora está tendo uma proporção grande no Brasil inteiro”.
“Uma sensação de gratidão, de dever cumprido, e de que a gente vai conseguir ir muito mais além do que a gente um dia imaginou”, complementou Livia.
Segundo as estudantes, apesar de já formadas, a ideia é continuar buscando novas inovações para o concreto, estudando mais e buscando incentivo para evoluir nos estudos.
Para a professora orientadora Denise Bittar esse trabalho é de dar muito orgulho e resultado de “um trabalho em conjunto, de infraestrutura, de corpo docente, de apoio do Centro Paula Sousa. A Etec Polivalente tem um espaço grande e apropriado para desenvolvimento de trabalhos práticos, o que é um diferencial”, diz.
Investimento
Para prosseguir com o projeto, as alunas buscam investimentos para poder realizar a extensão desse concreto e fazer com que ele chegue a ser produzido em larga escala em todo o país.
Hoje, as jovens não possuem investimento e ligação com nenhuma instituição financiadora, mas esperam poder prosseguir com tudo muito em breve. Lívia afirma que ter um laboratório para poder realizar os ensaios químicos e de engenharia, ajudariam muito no desenvolvimento.
“Não foi tudo que a gente conseguiu fazer com o orçamento limitado que a gente tinha, então tudo isso seria muito bom para a gente alavancar o nosso projeto já existente”, disse Lívia. Letícia complementa que as alunas se encontram com “as portas abertas” para parcerias e interessados em investir no projeto.
Para conhecer mais sobre o projeto e entrar em contato com as meninas, é possível contata-las através do Instagram @projetobioconcreto.
Meninas na construção
Para os professores, esse aumento do interesse por mulheres em áreas como essa só aumenta o motivo de orgulho. Para a professora orientadora e arquiteta Denise Bittar, as mulheres vêm dado um “show” nas obras e cada vez mais vai ficando mais fácil ver equipes repleta de mulheres.
“É maravilhoso, porque eu tive uma vida em obra, de precisar impor respeito, de ser uma mulher no meio de tantos homens, e havia mais preconceito. Mas tem se desmistificado pelo número de mulheres ingressantes e pela capacidade e postura técnica, pela presença delas”, complementa Denise.
Para o professor orientador e engenheiro Emerson Casagrande, essa área que antes era predominantemente masculina, vem trazendo destaque para a Etec Polivalente, como a etec com mais mulheres ingressantes no curso de edificações.
“A gente vê essas meninas entrarem nesse mercado, nesse trabalho de concreto que, há um tempo atrás, era uma área predominante para homens. E agora a gente está tendo bastante ingresso de meninas no nosso curso. Então, para a gente, é muito bom. A gente participa junto, causa uma motivação para a gente e a gente transfere para elas. E, junto com a estrutura da escola, a gente consegue desenvolver bons projetos com elas”, disse o professor.
Para as alunas, esse destaque e apoio dos professores foram essenciais para concluírem o trabalho “a gente teve um grande apoio dos nossos professores e eles continuam nos apoiando muito, nos ajudando, nos dando o suporte que a gente precisa”, finaliza Lívia.
Durante a produção do projeto, as alunas foram destaque em feiras de projetos com alunos de diversas unidades escolares, confira todas as premiações:
2º lugar na categoria de Engenharia no Prêmio Febrace – foram entregues medalhas e certificados para as estudantes;
Prêmio CRT-SP – as alunas receberam certificados e mochilas;
Prêmio da Associação dos Engenheiros Politécnicos (AEP) – as alunas foram contempladas com certificados e R$500,00 para o projeto.
Prêmio Destaque: Instituto 3M – As alunas receberam medalhas e a oportunidade de uma visita técnica em uma das unidades da 3M do Brasil.