quinta-feira, 25 abril 2024

Americana tem alta de famílias em extrema pobreza

São mais de 5,8 mil famílias que sobrevivem com renda de até R$ 89 por mês; favela do Zincão sofre com fome 

APOIO | Dona Rose recebe muitas famílias que procuram ajuda na favela do Zincão (Fotos: Leonardo Matos / TodoDia Imagem)

Americana tem 5.863 famílias em situação de extrema pobreza, com renda mensal de até R$ 89 por pessoa. Esse número aumentou 15,89% entre 2021 e este ano, segundo cruzamento de dados do Boletim Socioeconômico da cidade com os divulgados pela Secretaria de Assistência Social do município. 

Mesmo considerada uma das melhores cidades para se viver no Brasil, Americana tem pessoas que convivem até mesmo sem arroz na favela do Zincão, ao lado da Avenida Florindo Cibin, no Parque da Liberdade. A favela, que não para de crescer, durante a pandemia enfrenta o problema da fome. O TODODIA foi ao local e ouviu moradores. 

Os moradores se apoiam uns aos outros e contam com a ajuda de líderes da comunidade para ter o que comer na mesa.

Uma mulher identificada como dona Rose recebe muitas famílias procurando ajuda com alimentos e vão até ela em busca do básico, como arroz e feijão. Ela explica que eles têm até vergonha de se expor por ser o mínimo necessário ao ser humano para sobreviver.

“Tem muita gente que não tem o que comer e passa necessidades aqui sim, principalmente quem tem crianças. Tem gente que não tem nem o arroz para pôr no fogão. O foco é meu barraco. Os pastores perguntam quem está precisando de cesta. Eles vêm, trazem e eu vou dando para um ou outro que necessita. O dinheiro do auxílio você compra uma coisa e não sobra nem para comprar o arroz e o feijão dentro de casa. Precisamos falar a verdade e não esconder de ninguém”, escancara dona Rose.

 Ismael, um senhor de 78 anos, mora sozinho na entrada da favela e está com o armário da cozinha praticamente vazio. “Pra encher precisa de dinheiro. Sem dinheiro você não enche nem a barriga, quanto mais o armário. As condições não são ideais. A gente não acha digno, mas a gente dá o braço a torcer. Não tem mais do que aquilo, você tem de viver com o que tem”, diz Ismael. 

Suzane Pedro Pirovani tinha acabado de comprar o arroz com a ajuda dos moradores. “A gente recebe o auxílio, mas já pega fiado para comprar as coisas para as crianças que sempre faltam. O óleo acabei de pagar R$ 11. Um arroz R$ 22. O gás mais de R$100. A hora que você vai pagar, já não tem mais nada. É difícil, mas a gente vai levando. Às vezes aparece uma igreja e doa uma cesta. A gente vive de doação e um ajudando o outro porque se um virar as costas para o outro estamos lascados. Não tem o que fazer”, disse Suzane.

SEM COMIDA | Ismael mora sozinho e diz estar com o armário da cozinha vazio (Fotos: Leonardo Matos / TodoDia Imagem)

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