Oitivas foram iniciadas nesta terça-feira com testemunhas da acusação de crime sexual pelo pároco contra menores em Araras e previsão de desfecho na quinta é descartada
O julgamento do padre Pedro Leandro Ricardo, ex-reitor da Basílica de Santo Antônio de Pádua, de Americana, que começou nesta terça-feira (8), deve se prolongar até a sexta-feira (11). Nesta terça, as oitivas das testemunhas de acusação, realizadas de maneira virtual, duraram pouco mais de seis horas, e devem continuar nesta quarta.
O padre Leandro responde à acusação de “atentado violento ao pudor” contra quatro menores de idade. Os crimes, que ele nega, teriam ocorrido entre 2002 e 2005 contra ex-“coroinhas” da Igreja São Francisco de Assis, em Araras, onde ele iniciou o sacerdócio, antes do período em Americana.
Segundo a acusação, ele teria se beneficiado de sua posição como padre para atrair e ganhar a confiança de quatro “coroinhas” menores de idade para molestá-los.O caso tramita em segredo de justiça.
O religioso foi afastado da Basílica de Americana em janeiro de 2019, quando as primeiras denúncias contra ele começaram a aparecer e ganharam repercussão nacional.
Desde então, ele enfrenta acusações também em outros casos envolvendo supostos abusos sexuais em Americana, além de acusações de apropriação de recursos da Diocese de Limeira. Ele também responde a um processo canônico no Vaticano, também sigiloso.
O juiz do caso, Rafael Pavan de Moraes Filgueira, havia dividido o julgamento em três partes: oitiva das testemunhas de acusação, oitiva das testemunhas de defesa e a oitiva do padre.
Cada etapa ocorreria ao longo de um dia: terça, quarta e quinta, respectivamente.
No entanto, as oitivas das testemunhas de acusação, realizadas nesta terça, ainda não terminaram e vão prosseguir nesta quarta.
A previsão é de que as testemunhas de defesa sejam ouvidas na quinta e o padre, na sexta. A sentença pode sair, ou não, na própria sexta, mas pode levar dias ou até semanas. Por conta da pandemia, as audiências do julgamento têm ocorrido apenas de maneira virtual.
A reportagem tentou contato na noite desta terça, após o fim do primeiro dia de audiências, com dois advogados que compõem a acusação, mas eles não retornaram até o fechamento desta edição.
Desde o início das denúncias, o padre Leandro tem negado as acusações e evitado falar com a imprensa.
Seu advogado, Paulo Henrique de Moraes Sarmento, já chegou a classificar as denúncias como “aberração” e, nesta terça, após o primeiro dia de audiências, tornou a defender a inocência do religioso. “Não posso revelar detalhes da audiência porque o processo está em segredo de justiça. Mas, como prognóstico, a gente acha que muita coisa foi esclarecida na audiência de hoje, e acreditamos piamente na inocência do padre e acreditamos mais ainda que essa inocência já começou a ser comprovada nos autos”, disse o advogado.