Unidade atende adultos com deficiência e idosos com mais de 60 anos
O “Centro Dia para Pessoas com Deficiência e Idosas” atende munícipes que vivenciaram situações de vulnerabilidade, como violência ou violação de direitos. Dos 36 atendimentos realizados pelo órgão público em 2021, 27 são idosos, segundo dados da Prefeitura de Americana. Atualmente, o Centro Dia atende 37 pessoas.
Os números oficiais apontam o crescimento da violência e violação de direitos contra idosos no município, conforme noticiou o jornal TODODIA, na edição de 3 de julho.
Os idosos atendidos no Centro Dia possuem o grau de dependência 2, ou seja, são casos de média complexidade, onde as pessoas possuem certa autonomia. Eles têm residência própria ou moram com a família, segundo a coordenadora da instituição, Bruna Driele de Oliveira. Frequentam o local durante o dia, onde recebem alimentação e cuidados multidisciplinares. No período noturno, retornam para seus lares.
O aposentado Antônio João Anselmo, de 86 anos, foi diagnosticado com sobrecarga de trabalho após sua esposa desenvolver a doença de Alzheimer e passou a frequentar o atendimento no local. “Eu vim mais pela minha esposa e fomos muito bem recebidos aqui”, frisou.
Anselmo cuida da horta cultivada dentro da unidade, desde o dia que chegou. “Já no segundo dia me pediram pra vir dar uma olhadinha na horta. Como eu já trabalhei muito na roça, então vim aqui. É pequeninha e nós fazemos (o cultivo) um pouquinho cada um”, comentou com um sorriso no rosto.
“Essa vivência é mais que lúdica. Eles têm contato com a terra, com a natureza e resgatam muitas memórias da vivência deles. Têm conhecimento e experiência para colocar aqui. Isso é um espaço destinado aos atendidos. O objetivo é a autonomia e o protagonismo social. Deixá-los protagonistas da atividade”, explicou a educadora social Andressa França.
Além da horta, as atividades contam com alongamentos, oficina culinária com a fabricação de coxinha, entre outras. “O serviço é de grande importância. Nós trabalhamos todos os dias com psicóloga, assistente social, educador físico, nutricionista, terapeuta ocupacional e cuidadores. Cada um tem a sua dependência e é trabalhado em cima da vulnerabilidade de cada usuário”, conta Bruna Driele.
“É a melhor coisa do mundo (participar das atividades). Andava só na cadeira de rodas. Hoje, eu ando com uma bengala. Eu posso ir onde eu quero junto com minha família”, disse José Carlos, de 71 anos.
A unidade fica no Jardim Glória. Os atendimentos ocorrem das 7h às 17h e as vagas são destinadas às pessoas encaminhadas pelo CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) após avaliação. O serviço é administrado pela APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Americana, desde 2019.
Ouvidoria registra 356 queixas de violações
De janeiro a junho deste ano, o “Disque 100” da Ouvidoria de Direitos Humanos de Americana identificou 356 violações de direito à população com mais de 60 anos.
Porém, as denúncias são feitas aos diversos órgãos presentes no município, como a Polícia Militar, Guarda Municipal, entre outros. O Núcleo de Violências da Prefeitura registrou 25 casos de violência contra a população idosa somente no primeiro semestre deste ano.
Os casos são acompanhados pelo CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), responsável por encaminhar as vítimas de maus tratos às instituições, através do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado à Família e Indivíduos (PAEFI).
De acordo com o relatório, dos atendimentos elaborado pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos de Americana, 113 idosos com mais de 60 anos em situação de vulnerabilidade ou ameaça foram atendidos por instituições de acolhimento em 2021. São pessoas que precisavam ser retiradas de seu núcleo familiar ou comunitário.
A Associação Beneficente Residencial Evangélico Benaiah atendeu 28 pessoas e o Lar dos Velhinhos São Vicente de Paulo recebeu outras 24, todas com mais de 60 anos. A maioria dos acolhimentos foram de pessoas do sexo masculino, sendo 26 homens atendidos pela Associação Vinde à Luz. Mais 19 idosos passaram pelo Lar dos Velhinhos e 14 pelo Benaiah.
Dos 113 idosos atendidos, 85 foram acolhidos de fato pelas instituições citadas ou outras associações. Segundo informações da Prefeitura, os serviços institucionais contam com proteção integral de moradia, alimentação, higienização e trabalho para as vítimas.
“Com o lançamento do Programa Americana Pró 60+ o Comitê Intersetorial que está sendo composto por diversos setores da prefeitura e da sociedade estará trabalhando para realizar um diagnóstico compilado e a construção do protocolo e fluxo de atendimento à pessoa idosa, especialmente em situações de violência”, disse a Prefeitura.
