A exposição “80 anos de Dito Preto – uma trajetória de luta antirracista” começou nesta segunda-feira (17) e segue até 30 de novembro na Biblioteca Municipal de Americana. O evento celebra os 80 anos de Benedito Samuel Barbosa, o seu Dito Preto, e apresenta uma mostra organizada em três eixos que ajudam o público a conhecer sua trajetória de militância e valorização da cultura negra.
Histórico de luta
Referência local na luta antirracista, seu Dito tornou-se também um nome reconhecido regional, estadual e internacionalmente. Suas vivências e ensinamentos impactaram gerações e continuam inspirando ações de resistência e valorização da cultura afro-brasileira.
“A educação ainda deixa a desejar, porque não se fala verdadeiramente sobre nossa história nas escolas. Até se fala da escravização, mas o conhecimento é passado como se fosse para pessoas que não são negras usarem. Nós estamos avançando, e vamos avançar mais com a lei 10.639. Esperamos que, em algum momento, percebam que trabalhar conosco é prazeroso”, afirmou.
Ele também ressalta que o racismo se manifesta hoje de forma mais velada. “O combate ao racismo está muito pior do que anos atrás. Antes, a discriminação era física, direta. Hoje ela vem pelo olhar, pela negação. Infelizmente, ainda estamos engatinhando, enquanto pessoas que não são negras já avançaram há muito tempo”, disse.
Para Cláudia Monteiro da Rocha Ramos, representante da Unegro, celebrar os 80 anos de seu Dito é reconhecer sua relevância histórica. “Ele é uma referência, um ícone de luta para Americana, Santa Bárbara e toda a região. Deixa um legado muito importante. Esta exposição reverencia sua trajetória de resistência e o legado para a população negra e para a sociedade em geral”, destacou.
Eixos da exposição
A mostra está estruturada em três eixos que representam diferentes dimensões da vida e da atuação de seu Dito Preto:
- Cultura afro-brasileira: tambores confeccionados por ele, máscaras e elementos do sagrado para o povo negro.
- Culinária africana/afro-brasileira: itens tradicionais como pilão, gamela e porta-coador de café, destacando a cozinha como espaço de partilha.
- Religiões de matriz africana: representações de orixás que simbolizam resistência, fé e identidade cultural.
Exposição fotográfica “Carolinas – Em preto e branco”
O público também pode acompanhar a mostra fotográfica “Carolinas – Em preto e branco”, que celebra o novembro negro e destaca mulheres que desafiam padrões e lutam por equidade. Inspirada na escritora Carolina Maria de Jesus, a exposição retrata mulheres reais em seus cotidianos, afetos e resistências.
“Nesta exposição, queremos reverenciar o mês de novembro e o Dia da Consciência Negra. Celebramos a trajetória de Zumbi e Dandara dos Palmares e de tantas pessoas comuns que lutaram por um Brasil com equidade. O dia 20 de novembro é todos os dias do ano: nossa luta é cotidiana”, afirmou Cláudia.
