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Policiais militares lidam com cenários desafiadores que podem impactar a saúde mental a todo momento. Segundo o Anuário de Segurança Pública, entre 2022 e 2023, a taxa de suicídios entre policiais civis e militares cresceu 26,2%. No estado de São Paulo, houve um crescimento de 80% nos números. Em 2022, goram 19 casos, enquanto em 2023 foram 31 casos. O documento destaca ainda que estudos mostram que o estresse rotineiro no ambiente de trabalho ao qual são expostos os policiais está associado aos sintomas do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).
Para cuidar de casos que precisam de um pouco mais te atenção, existe o Núcleo de Atendimento Psicossocial (Naps), que possui uma unidade em Americana, considerada referência no estado.
Até outubro do ano passado, os atendimentos eram realizados em um espaço anexo à Companhia da Polícia Militar de Santa Bárbara, mas mudaram para uma sede própria na região do Zanaga. No Naps, os policiais podem buscar ajuda, realizar atendimentos psicológicos, participar de grupos de apoio e receber orientações sobre como lidar com o estresse e a ansiedade.
Quatro policiais, que também são psicólogos, se revezam nos cerca de 70 atendimentos mensais realizados no espaço, os cabos André Moreira de Godoi e Niely Galvez Marques, além dos soldados Joiceanny Stefani de Oliveira Mazini e Izabela Fernanda de Freitas.
Cada policial que entra na unidade tem os dados preservados entre psicólogo e paciente, com o sigilo garantido, nem mesmo o comando tem acesso aos assuntos discutidos dentro do consultório.
“Nosso código de ética estabelece a necessidade do sigilo; nem mesmo o nosso comando tem acesso às informações discutidas dentro do consultório. Apenas disponibilizamos um laudo informando que o policial está em condições ou não para desempenhar certas funções, sem detalhes”, diz André.
O objetivo é não apenas tratar questões já existentes, mas também prevenir problemas futuros, contribuindo para uma força policial mais saudável e resiliente.
Para a psicóloga Mazini, ao longo do tempo, certos paradigmas estão sendo quebrados, pois nem sempre é possível ser forte o tempo todo.
“Debaixo da farda há homens e mulheres com suas necessidades e comportamentos. Às vezes, uma ajuda pode fazer toda a diferença”, explica a profissional.
A subcomandante do 19º BPM/I, major Carolina Pádua Rosa, enfatiza que o núcleo é um serviço essencial que visa proporcionar apoio psicológico aos policiais, reconhecendo a importância da saúde mental no desempenho de suas funções.
“O bem-estar emocional do policial é importante tanto para a vida pessoal quanto para o desempenho de suas atividades dentro da corporação e no atendimento à comunidade”, destaca a major.
Os policias psicólogos promove ainda atividades de prevenção e conscientização sobre a importância do autocuidado e do bem-estar emocional dentro da corporação. “O Naps se dedica a criar um ambiente acolhedor e de confiança, onde os policiais se sintam à vontade para compartilhar suas experiências e desafios”, finaliza a major.
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