Alunos gravam docente discursando contra união de pessoas do mesmo sexo em Americana, postam no Instagram e dizem que discurso é recorrente em sala de aula; profissional não comenta o caso
Alunos da Etec (Escola Técnica) Polivalente, de Americana, denunciaram o professor Roberto Torezan, que ministra aulas de Matemática na instituição, por suposto discurso homofóbico recorrente em sala de aula. Os episódios teriam ocorrido durante as aulas das turmas do 2º ano do Ensino Médio.
“Tudo começou quando uma aluna citou um pronome neutro. Ela tentou explicar para ele, mas foi quando ele começou a falar sobre pessoas trans e casais homossexuais”, disse um aluno, que preferiu não se identificar. As falas atribuídas ao professor foram gravadas e postadas em um perfil criado em redes sociais pelos alunos, denunciando o ocorrido.
No áudio, com cerca de oito minutos de duração, uma voz que seria do professor afirma que mulheres que aceitam ser “barriga de aluguel” para casais homossexuais seriam prostitutas.
Ainda no áudio, o docente afirma ainda que até aceita casais que moram juntos, mas casar já seria demais. Ele se posiciona sobre relações homoafetivas e se refere a pessoas não-heterossexuais como sendo da “coluna do meio”. Torezan diz ainda que para ele, nascido na década de 50, “daqui um tempo o mundo estará perdido”. Ele tem 67 anos.
“Não é a primeira vez que ele tem falas homofóbicas e racistas. Dessa vez conseguimos gravar. Um grupo de alunos chegou a se reunir com a coordenação da escola, que disse que tomaria providências, mas nada aconteceu. Na aula seguinte, ele chegou dizendo que aluno que prejudicava professor não merecia ter aula. Ele sempre chega e, em vez de dar aulas, começa a falar sobre as opiniões políticas dele ou posições racistas e homofóbicas”, explica outro aluno ouvido pela reportagem do TODODIA.
Os estudantes prometem realizar na manhã desta sexta-feira (11) uma assembleia em que pretendem discutir o tema. De acordo com os alunos, a coordenação da Etec informou que afastaria o professor, que está há 31 anos na instituição.
Torezan foi procurado pela reportagem do TODODIA, mas informou que não comentaria o assunto, por orientação da direção da escola e dos advogados.
O professor não confirma o afastamento, disse apenas que não estará na instituição por conta da manifestação marcada pelos estudantes.
A Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Americana acompanha o caso.
No final da tarde desta quinta-feira, o Centro Paula Souza, instituição do governo de SP responsável pelas Escolas Técnicas, afirmou, por meio de nota que “não compactua com nenhuma forma de desrespeito e assédio”.
“Seguindo normais regimentais, orienta diretores a abrir apuração preliminar para averiguar eventuais denúncias dos estudantes. As equipes de supervisão pedagógica e orientação educacional da instituição têm atuado para mediar o diálogo entre professores e alunos”, segue a nota.
Escute o áudio: