quinta-feira, 18 abril 2024

Promotoria investiga suposto problema em respiradores no HM

Relatório médico aponta aparelhos impróprios, inclusive com “risco” à vida de pacientes; Secretaria nega
 

HM | Fisioterapeutas e enfermeiros apontam supostas falhas em novos respiradores (  Foto: Divulgação)

O 1º Promotor de Justiça de Americana, Clóvis Cardoso de Siqueira, solicitou nesta sexta-feira (25) esclarecimentos em 48 horas da prefeitura e da Secretaria de Saúde a respeito de supostos problemas no funcionamento de um lote de respiradores, adquiridos em abril deste ano, que estariam fora de conformidade técnica, impróprios para uso – inclusive colocando em risco a vida de pacientes de Covid-19 no Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi.

O possível problema foi apontado em relatório médico feito por profissionais da Fusame (Fundação de Saúde de Americana) e encaminhado ao MP (Ministério Público).

A Secretaria de Saúde, que nesta sexta-feira negou qualquer registro de morte ou complicação de pacientes relacionado ao uso desses equipamentos, diz que já apura o caso internamente, antes mesmo de o MP ser acionado.

O secretário de Saúde, Danilo Carvalho Oliveira, afirmou que a empresa responsável pelos respiradores da marca Ventmed foi notificada desde que o assunto foi comunicado internamente, no início de junho, e atestou que os aparelhos estariam funcionando dentro dos parâmetros normais – em divergência com a opinião dos profissionais da Fusame.

Dos 12 respiradores comprados em abril, apenas quatro chegaram a ser utilizados, segundo ele, e ontem apenas dois estavam em uso.

Ainda segundo o secretário de Saúde, como alguns fisioterapeutas e enfermeiros continuam apontando supostos problemas no funcionamento dos equipamentos, a secretaria solicitou a elaboração de um laudo técnico pericial do fabricante para tentar solucionar o caso, já que os respiradores da marca têm registro regular na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) – leia texto nesta página.

ENTENDA O CASO

O possível problema em 12 ventiladores pulmonares da marca Ventmed colocados em uso no HM foi apontado em um relatório médico, datado de 28 de maio e assinado por profissionais de fisioterapia e enfermagem do HM.

O relatório foi remetido ao MP (Ministério Público) pela ex-vereadora Maria Giovana Fortunato, eu disse ter recebido de forma anônima. Baseado no relatório, nesta sexta-feira o promotor Clóvis Cardoso de Siqueira, “ante o risco à vida dos pacientes”, expediu ofício “urgentíssimo”, com questionamentos sobre o caso ao prefeito Chico Sardelli (PV), ao secretário de Saúde, Danilo Carvalho de Oliveira, e à diretoria do HM.

O presidente da Câmara, vereador Thiago Martins (PV), também está sendo oficiado pelo MP – já que os aparelhos foram adquiridos em abril com recursos de R$ 700 mil repassados pelo Legislativo à prefeitura. Martins disse ontem não ter sido notificado ainda.

No ofício enviado às partes, no qual pede respostas em 48h, a Promotoria quer saber qual a procedência dos respiradores (por quem foram adquiridos ou doados); se esses respiradores efetivamente estão apresentando ou apresentaram problemas de funcionamento; quais medidas estão sendo adotadas para a solução do problema; se houve contato com a assistência técnica da empresa fabricante e, em caso negativo, qual a justificativa; e, por fim, caso tenha havido emissão de laudo técnico a respeito, que seja encaminhado à Promotoria de Justiça para análise.

PROMOTORIA

O TODODIA teve acesso ao relatório que embasou a notificação do MP. A conclusão do documento, assinado por três profissionais de fisioterapia e enfermagem da Fusame, aponta que “o ventilador pode ser utilizado em situações emergenciais ou de admissão, estando o paciente muito bem sedado e/ou bloqueado, porém é de difícil manejo, já que não possui parâmetros precisos importantes na prática dos ajustes ventilatórios, e nos demonstrou inconstância e subjetividade de alguns dados apresentados, que são importantíssimos para a garantia do tratamento adequado aos pacientes. Não sendo o respirador de primeira escolha, diante da gravidade dos pacientes e não disponibilização de recursos ventilatórios necessários para atendimento do paciente com Covid-19. Estando o paciente em condições de desarme ventilatório, é necessária a troca imediata de ventilador para outro que possua modalidades espontâneas, o que pode não ser possível com o número de pacientes dependentes de ventilação crescente no cenário Covid”.

A reportagem não conseguiu contato com a empresa responsável pelos equipamentos nesta sexta-feira.

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