Antônio Yoshitaro de Oshima, de 79 anos, deu entrada no Hospital Municipal “Dr. Waldemar Tebaldi” de Americana no dia 6 de dezembro após sofrer uma queda domiciliar. Diagnosticado com Alzheimer intermediário, ele está com sonda nasogástrica para dieta enteral, quadro de diarreia e nível de sódio baixo. A filha Renata Jacovassi Oshima, de 43 anos, denunciou que seu pai receberia alta, mesmo sem conseguir uma consulta com fonoaudiólogo após 20 dias internado.
A reportagem do TodoDia questionou a Prefeitura de Americana nesta terça-feira (26) e o HM informou que Antônio passou por avaliação com uma fonoaudióloga durante a tarde desta terça. “Ocorrendo a avaliação do aspecto de deglutição do paciente, haverá a transição de cuidados nutricionais com a possibilidade de retirada da sonda nasogástrica e planejamento com a UAD (Unidade de Atendimento Domiciliar) para a transição segura da alta hospitalar”, disse a Administração por meio de nota.
“A fonoaudióloga Aline acabou de passar agora, mas até a presente data o Hospital Municipal não tinha. Isso eu ouvi dos próprios médicos. Eu estou com meu pai desde o dia 6 de dezembro, sendo que a internação dele foi realizada dia 7. Se soubesse que iriam enviar uma fonoaudióloga tão rápido assim, eu teria entrado em contato (com a reportagem) antes”, agradeceu a filha.
Ela questionava a possível alta médica do Hospital Municipal de Americana por causa do risco de broncoaspiração (aspiração de alimentos pelas vias respiratórias) e porque o pai está com diarreia líquida. “Todos os médicos que passaram relataram que meu pai precisa de uma avaliação de um fonoaudiólogo para avaliar essa deglutição dele, mas infelizmente não tem. Ele está consciente. Reconhece os filhos pelo nome. O problema maior é um hospital desse porte não ter um médico fonoaudiólogo para fazer a avaliação da garganta e ver se realmente ele pode continuar a fazer as refeições e dietas no modo pastoso sem o risco de broncoaspiração”, relatou Renata horas antes à reportagem.
O que diz a administração do HM?
A Prefeitura de Americana disse que o tratamento do paciente obedece a trâmites previstos em protocolos internacionais e que os procedimentos encadeados não podem ser acelerados, tendo em vista a segurança do paciente.
Filha ainda conta que pai teve lesão pulmonar agravada
Após exame de tomografia no dia 10 de dezembro, os médicos teriam relatado que o paciente sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Seu Antônio realizou um exame Raio-X no dia 7 de dezembro e outro no último sábado (23).
“Após muita insistência minha para fazer o exame, fizeram. A médica me mostrou pelo celular o exame do dia 7 com uma pequena lesão pulmonar e depois, o do dia 23, bem maior. A doutora disse que iria começar um tratamento porque ele bonquioaspirou e receitar antibiótico para pneumonia. A médica que passou hoje (terça-feira) queria dar alta pro meu pai”, comentou a filha.
Outra preocupação dela é após a alta, embora a Prefeitura de Americana ofereça o serviço de Atendimento Domiciliar. “Eu já fui no CRAS para conseguir fralda. Tive de implorar por fralda. Já fui na farmácia de alto custo para conseguir dieta. Eu não tenho condições de comprar bomba de infusão, frascos, fraldas e muito menos dieta enteral que é super caro. Como vou levar ele pra casa, se o mesmo está com dificuldade para deglutir, não consegue engolir, não bebe água, não come? Tive de parar de trabalhar para cuidar dele. Como vou fazer se nem tenho cama hospitalar e colchão ar? Como vou leva-lo assim pra casa?”, questiona.