
A vereadora de Campinas, Mariana Conti (PSOL), tornou-se alvo de um pedido de cassação de mandato apresentado por um colega parlamentar de direita. A medida foi protocolada em resposta à participação da vereadora em uma missão internacional de ajuda humanitária interceptada por forças israelenses a caminho da Faixa de Gaza.
Participação em missão humanitária
Mariana Conti integrou um grupo formado por ativistas de mais de 40 países que levava alimentos, medicamentos e outros itens essenciais à população palestina. A ação, segundo os organizadores, tinha caráter civil e não violento, com o objetivo de furar o bloqueio imposto por Israel à região.
A vereadora, que estava licenciada do cargo sem remuneração e com despesas custeadas por recursos próprios, foi uma das pessoas detidas após a interceptação da embarcação em águas internacionais. O grupo foi levado para um porto israelense e liberado após intervenção diplomática.
Acusações e pedido de cassação
O pedido de instauração de uma Comissão Processante (CP) alega que a vereadora teria cometido infração político-administrativa e quebra de decoro parlamentar ao se afastar para participar de uma “missão não oficial e sem relação com as atribuições do mandato”, o que caracterizaria, segundo a denúncia, uso indevido da função pública.
Setores da extrema-direita de Campinas reagiram à participação de Conti, questionando o envolvimento da parlamentar na missão e pedindo apuração formal da Câmara Municipal.
Relato da vereadora
Em nota, Mariana Conti afirmou que sua participação na missão foi uma “obrigação moral e política” em solidariedade ao povo palestino. Segundo ela, a viagem buscava dar visibilidade à crise humanitária e denunciar o que chamou de “genocídio em Gaza”.
A vereadora relatou ter sofrido tortura psicológica e privação de sono durante o período em que esteve sob custódia. “Tenho dificuldades para dormir até hoje”, disse.
Reflexão sobre a crise humanitária
Conti afirmou ainda que a experiência reforçou sua indignação diante da inércia de governos diante da guerra. Para ela, a falta de ação das autoridades “ficará registrada nos livros de história como omissão diante de um genocídio”.