sexta-feira, 26 setembro 2025
INVESTIGAÇÃO

Área Azul de Americana pode deixar de existir em 90 dias; decisão caberá ao prefeito

A irregularidade apontada foi o uso de veículos equipados com câmeras para fiscalização, prática proibida no município
Por
Diego Rodrigues
Prefeito Chico decide em 90 dias pelo fim ou não da Área Azul em Americana. Foto: divulgação

A comissão criada pela Prefeitura de Americana para investigar denúncias contra a empresa Estapar, responsável pela Área Azul, concluiu os trabalhos e recomendou o rompimento do contrato. A irregularidade apontada foi o uso de veículos equipados com câmeras para fiscalização, prática proibida no município.

Violação
O relatório final, publicado nesta quinta-feira (25), aponta descumprimento contratual e violação da boa-fé administrativa, além de sugerir a aplicação de sanções e eventual apuração de dano ao erário. O documento agora segue para análise da Secretaria de Negócios Jurídicos, antes da decisão final do prefeito Chico Sardelli (PL).

Como começou a investigação
Segundo o chefe de gabinete Franco Sardelli, que integrou a comissão, a apuração começou após a denúncia de um munícipe, que filmou um veículo equipado com câmeras, supostamente usado pela Estapar para fiscalizar irregularidades. “Esse vídeo levantou dúvidas sobre o cumprimento do contrato e da determinação do prefeito Chico Sardelli. A partir disso, a comissão foi criada para investigar”, explicou.

Ao longo de cerca de 100 dias de trabalho, a equipe analisou sistemas, colheu depoimentos, realizou auditorias e reuniu provas que indicaram falhas no cumprimento das cláusulas. “Constatamos situações de fiscalização por videomonitoramento ligadas à TPU (Tarifa Pós Utilização), modalidade em que o repasse à prefeitura é bem menor. Pelo que levantamos, havia indícios claros de quebra contratual, o que nos levou a recomendar o rompimento”, afirmou Franco Sardelli.

Chefe de Gabinete da Prefeitura falou com exclusividade à TV TODODIA. Foto: Ana Machado/TV TODODIA

O que é a TPU
A TPU da Área Azul corresponde a uma notificação aplicada quando um veículo estaciona de forma irregular na Zona Azul. Isso ocorre, por exemplo, quando o motorista não apresenta o tíquete ou excede o tempo máximo permitido. Trata-se de uma taxa de regularização que deve ser paga no aplicativo ou nos parquímetros, garantindo que a cobrança não se transforme em multa de trânsito, bem mais cara e que gera pontos na CNH.

Método de fiscalização em questão
Durante a entrevista, o chefe de gabinete explicou que a irregularidade não estava na cobrança da TPU em si, mas na forma como era realizada. “O motorista que não pagou a tarifa deveria, sim, quitar a TPU. O problema foi o método utilizado. Veículos com câmeras percorriam as ruas quando o contrato proíbe esse tipo de fiscalização. Para a empresa, esse modelo era mais lucrativo e eficiente, mas estava fora das regras”, destacou.

Próximos passos
O relatório entregue pela comissão tem caráter técnico e probatório, sem avaliar impactos financeiros. Essa análise caberá ao setor jurídico. “Agora, a Secretaria de Negócios Jurídicos vai examinar todo o material, notificar a empresa e aguardar a resposta. Só então o prefeito tomará a decisão final. Estimamos um prazo de 60 a 90 dias, porque há prazos legais para manifestação e recursos”, detalhou Franco Sardelli.

Ele também ressaltou que a prefeitura não corre risco de arcar com multa caso o contrato seja rompido. “Pagar multa está fora de cogitação. Quem descumpriu foi a empresa, não o município. O que precisa ser verificado é se houve prejuízo financeiro aos cofres públicos ou aos munícipes”, completou.

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