O atirador Euler Fernando Grandolpho, 49, que matou cinco pessoas e se matou em seguida durante ataque dentro da Catedral Metropolitana de Campinas, no último dia 11, já planejava a chacina havia pelo menos 10 anos, segundo informações divulgadas ontem pela Polícia Civil.
A polícia promoveu uma entrevista coletiva de Imprensa e divulgou arquivos pessoais encontrados durante diligências na casa de Grandolpho. Nos manuscritos, ele afirma que o massacre já estava sendo arquitetado desde 2008.
“A chacina está programada desde fim de 2008 quando tinha (eu) mais consciência dos valores e me perguntava: ‘O que estas aberrações estão fazendo?'”, trazia um dos bilhetes.
Em outras anotações, ele elogia o autor do massacre de Realengo, que aconteceu no Rio de Janeiro em 2011 e deixou 13 pessoas mortas. Ele também cita um caso na Noruega, também em 2011, que levou a morte de 77 pessoas. O assassino usava recortes de jornal para fazer comentários. “Sei que posso voltar ao mercado de trabalho com um pouco de dedicação aos estudos. Porém, a necessidade da punição (massacre) é maior e mais importante do que a própria vida”, escreveu.
Dentre os bilhetes fica claro que Grandolpho se sentia perseguido. “Se vocês conseguirem descobrir quem é que fica fazendo os ‘ruídos’ no meu quarto, já será uma grande coisa. E eu, ainda, serei ‘o vilão’ de tudo isso! Só rindo”, escreveu.
Além dos bilhetes, a Polícia Civil informou que foram encontrados fotografias e vídeos que mostram que Grandolpho treinava tiros em jogos de videogame. “Por isso que ele tinha tanta facilidade de usar a arma e sabia utilizar corretamente”, explicou José Henrique Ventura, delegado responsável pelo Deinter-2 (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo do Interior 2).
Ainda segundo a investigação, não há evidências de que ele tenha escolhido a igreja para ser o local do massacre com antecedência. “Ele queria um local grande, mas em nenhum momento ele fala que vai fazer isso em uma igreja, templo ou qualquer outro lugar religioso. Ele poderia ter escolhido em qualquer lugar”, afirmou.
Para Hamilton Caviola, delegado titular do 1º Distrito Policial, responsável pelo inquérito, a motivação para o crime era ter a vida vasculhada e provar que realmente era perseguido. “Porém, várias perguntas vão ficar sem resposta, porque elas estavam na cabeça dele”, disse.
De acordo com a Polícia Civil, todas as pessoas ouvidas no curso da investigação não acrescentaram nada no caso.
A polícia conseguiu levantar a numeração da pistola do crime, mas não há registro dela nas Forças Armadas, por isso há a suspeita de que ele a tenha comprado no Paraguai.
SCANNER 3D
Técnicos da Perícia Científica de Campinas realizaram na ontem de manhã uma espécie de reconstituição do ataque no interior da igreja utilizando um Scanner 3D. A utilização do equipamento vai ajudar a esclarecer e obter novas informações sobre o ataque.
O aparelho pertence a uma empresa americana que fez uma parceira com a Polícia Científica e tem um sistema de escaneamento de imagens que utiliza tecnologia a laser e captura 1 milhão de pontos por segundo, com precisão milimétrica.
O trabalho deve ajudar a perícia a reconstituir a cena do crime no dia da tragédia.