terça-feira, 19 novembro 2024
RAIO-X DA SAÚDE

AVCB vencido, falta de medicamentos e problemas estruturais: Tribunal de Contas aponta irregularidades em unidades de Saúde da região

Americana, Hortolândia, Santa Bárbara d'Oeste e Sumaré aparecem no relatório; ação denominada ‘Fiscalização Ordenada’ ocorreu em 237 municípios paulistas
Por
Isabela Braz
Foto: Reprodução/TCESP

Uma série de irregularidades em postos e UPAs (Unidades Básicas de Saúde) da região foram identificadas por equipes de fiscalização do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) ao vistoriarem locais que oferecem o programa Estratégia Saúde da Família (ESF).

AVCBs (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) vencidos, falta de vacinas, medicamentos e equipamentos e problemas nas estruturas das instalações das UBSs foram identificadas durante visitas em Americana (UBS Jd. Brasil), Hortolândia (UBS Jd. Amanda I e UBS Santa Esmeralda), Santa Bárbara d’Oeste (UBS Dr. Felício Fernandes Nogueira e UBS Dr., Jeber Juabre) e Sumaré (USF Bandeirantes e USF CIS Nova Veneza).

A ação, denominada “Fiscalização Ordenada”, ocorreu de forma surpresa e simultânea em 441 unidades de 237 municípios paulistas no início deste mês. Para tanto, o TCE-SP mobilizou um efetivo de 452 Auditores de Controle Externo que atuam nas 20 Unidades Regionais pelo Estado e em dez Diretorias de Fiscalização na Capital.

O objetivo foi avaliar, dentre outros aspectos, as condições estruturais, condições das instalações, funcionamento dos serviços e equipes médicas, presença de equipamentos obrigatórios e estoque de medicamentos.

AMERICANA

Em Americana, a fiscalização foi realizada apenas na UBS Jardim Brasil, que atende cerca de 8 mil pessoas na região. Os principais problemas encontrados na unidade foram equipes incompletas, com ausência de agentes comunitários de saúde, além de falta de AVCB e extintores fora do prazo de validade. A fiscalização também encontrou vacinas rotineiras, como a tetra viral, meningocócica C, ACWY e varicela.

Entre os problemas estruturais, O TCE apontou a falta de cobertura externa para a população, que fica exposta nas filas em dias de chuva, e infiltração e bolor em salas de atendimento psicológico e de exames e curativos. Foi detectada também falta de sala de acolhimento para pré-consulta de enfermagem.

Já em relação aos equipamentos, a UBS do Jardim Brasil estava sem nebulizador para inalação e sem certificado de calibração vigente do desfibrilador. O TCE-SP constatou ainda que não há registro de controle e testagem do carrinho de emergência.

Em relação ao Fluxo de Atendimento, foi mencionado que o tempo médio de espera para consulta de cardiologia e realização de exame de colonoscopia é de aproximadamente um ano. A unidade não soube apontar o percentual de problemas de saúde solucionados pela ESF.

Americana foi a única cidade apurada pela região que não foi detectada falta, vencimento ou dispensa irregular de medicamentos.

A TV TODODIA questionou a Prefeitura sobre os apontamos do Tribunal de Contas, mas até o fechamento desta matéria, ainda não havia obtido resposta.

HORTOLÂNDIA

Em Hortolândia, a fiscalização aconteceu na UBS Jardim Amanda I e UBS Santa Esmeralda. As condições descritas pelo fiscal apresentam más condições de conservação da estrutura – que também não possui AVCB válido – e falta de equipamentos.

Na UBS Jd Amanda I, todas as cinco equipes estão incompletas. Em uma equipe faltam três agentes comunitários de saúde e nas outras quatro faltam cinco agentes. A unidade também enfrenta problemas com falta de equipamentos, estando sem carrinho de emergência, e falta de medicamentos, tendo em falta remédios para diabetes, antibióticos, psicofármacos e outros.

A UBS possui resolubilidade de 70% dos casos.

Ao TCE, a coordenadora da UBS, Sílvia Cruz afirmou que a baixa desse percentual ocorre após aumento significativo de casos de câncer que precisam ser encaminhados para Atenção Médica Especializada (AME), sendo a maior dificuldade do fluxo assistencial da unidade.

Já na UBS Santa Esmeralda, os principais problemas foram acerca da estrutura. A área interna de atendimento foi encontrada alagada, o toldo da cobertura externa rasgado e o suporte em más condições. Havia também goteira na recepção. A UBS Santa Esmeralda também não possui sala de procedimentos/curativos.

A TV TODODIA aguarda uma posição do município sobre o assunto

SANTA BÁRBARA D’OESTE

Em Santa Bárbara d’Oeste, a fiscalização aconteceu nas UBSs Dr. Felício Fernandes Nogueira e Dr. Jeber Juabre. O município é o único entre os apurados que possuí AVCB dentro do prazo de validade para o funcionamento.

Na UBS Dr. Felício Fernandes Nogueira, que atende a mais de 2 mil pessoas, as maiores problemáticas apontadas foram a falta de medicamentos (Complexo B, Diclofenaco e Escopolamina) e de vacinas (Tríplice Bacteriana, Meningocócica C e Varicela). A fiscalização também apontou que remédios contra DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e psicofármacos não são dispensados.

Em equipamentos, a instituição estava em falta com o nebulizador e com desfibrilador vencido desde 23 de outubro.

A unidade tem resolubilidade de 93% dos problemas apresentados e não conta com dificuldades estruturais e no fluxo de atendimento.

Na UBS Dr. Jeber Juabre, que também atende a mais de 2 mil pessoas, foi identificado que ambientes externos e internos não estavam em boas condições, com problemas de mofo e rachaduras próxima ao teto no andar superior. Assim como a outra UBS, essa unidade também conta com falta de medicamentos (Amoxilina, Cinarizina e Levotiroxina) e de vacinas (Meningocócica C e ACWY).

A unidade tem resolubilidade entre 87,5% e 95% dos problemas apresentados e não conta com dificuldades estruturais e no fluxo de atendimento.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Santa Bárbara relatou que os apontamentos serão “objeto de análise minuciosa” para o sanamento dessas problemáticas. “Vale lembrar, que além das novas estruturas de saúde entregues este ano pela Administração Municipal, a pasta realiza manutenções de rotina em todas unidades existentes.

Quanto às vacinas, a Secretaria ressaltou que o fornecimento de doses aos municípios é de responsabilidade do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde.

SUMARÉ

Em Sumaré, a fiscalização ocorreu na USF (Unidade de Saúde da Família) Bandeirantes e USF CIS Nova Veneza. Juntas enfrentam falta de abastecimento de remédios e de equipamentos – em uma das unidades utilizadas até por equipes do SAMU ( Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Ambas as unidades estão com AVCB vencidas e com falta de medicamentos (Doxazosina, Cerumin, Carbonato de Cálcio, Dexametazona e Tiamina) e equipamentos. As unidades não possuem desfibrilador – sendo o da USF Nova Veneza emprestado para o SAMU.

Ambas as unidades não possuem problemas com fluxo de atendimento, tendo a resolubilidade das enfermidades em 95%.

Até o fechamento desta matéria, o município não retornou os questionamentos.

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