Pouco discutida e cercada de tabus, a andropausa, ou Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM), é uma condição real e tratável que afeta entre 20% e 39% dos homens acima dos 40 anos. O alerta é do médico de família e comunidade George Mantese, mestre em Epidemiologia e doutorando pela USP, com especialização em longevidade.
Segundo o especialista, a andropausa corresponde a uma queda gradual nos níveis de testosterona, o principal hormônio masculino, e pode impactar diferentes áreas da saúde. “Os sintomas atuam em três frentes: mental, física e sexual”, explica. Entre as queixas mais comuns estão alterações cognitivas, como lapsos de memória e dificuldade de raciocínio; perda de força e massa muscular; além da diminuição da libido e da qualidade das ereções.
Apesar do impacto significativo na qualidade de vida, muitos homens demoram a procurar ajuda. “É uma questão cultural. Muitos só buscam atendimento quando surgem problemas sexuais, mas, até chegarem a esse ponto, já enfrentaram perda de energia, ganho de peso e alterações cognitivas”, afirma Mantese.

Diagnóstico e tratamento
O médico reforça que o diagnóstico pode ser feito por meio de um exame simples de sangue, que avalia os níveis de testosterona. Em casos indicados, o tratamento com reposição hormonal costuma trazer resultados expressivos. “Há estudos que mostram melhora de até 80% na qualidade de vida, com redução de 15% da gordura abdominal, ganho de massa muscular, melhora da libido e do raciocínio em até 60%”, destaca.
Além do tratamento médico, alguns hábitos podem auxiliar no alívio dos sintomas. Um deles é o consumo moderado de café. “Estudos indicam que o café pode ajudar na redução da fadiga, no aumento da massa muscular, na melhora da libido e até atuar como protetor cardiovascular”, afirma. A recomendação é ingerir de 3 a 5 xícaras por dia, preferencialmente pela manhã, para não interferir no sono. O método de preparo também importa “o café filtrado ajuda a reduzir substâncias que podem aumentar o colesterol ruim”, explica Mantese.

Para o especialista, falar abertamente sobre a andropausa é essencial para quebrar tabus e incentivar a busca por atendimento. “Muitos acreditam que esse cansaço, esse desânimo é algo normal da idade. Mas não é. Existe tratamento e é possível recuperar a qualidade de vida”, conclui.