quinta-feira, 19 junho 2025
QUEDA NA MÉDIA

Número de flagrantes por tráfico de drogas cai no Aeroporto de Viracopos em dois anos, aponta relatório da Polícia Federal

Levantamento de 2023 a 2025 revela queda nas prisões, mudança nas rotas e redução no volume de entorpecentes apreendidos
Por
Guilherme Pierangeli

O número de flagrantes por tráfico de drogas no Aeroporto Internacional de Viracopos (VCP), em Campinas, caiu de 51 casos registrados em 2023 para apenas 8 até o momento em 2025, segundo dados da Polícia Federal. A quantidade de pessoas presas também diminuiu significativamente, passando de 55 para 9 no mesmo período.

Queda na média de ocorrências

Embora a comparação envolva um ano completo e outro ainda em curso, um dado ajuda a dimensionar melhor a redução: em 2023, a média era de um flagrante a cada sete dias. Em 2025, esse intervalo subiu para 18 dias.

De acordo com Edson de Souza, chefe da Polícia Federal em Campinas, a queda não está relacionada a falhas na fiscalização, mas sim ao fato de que o aeroporto se tornou um ponto cada vez menos viável para o tráfico de drogas, em razão do fortalecimento das ações de combate nos últimos anos.

Drogas apreendidas em Viracopos são incineradas – Foto: Reprodução/PF

“Quando iniciamos o trabalho em Viracopos, em 2022, foi criado um grupo especial de repressão ao tráfico internacional de drogas e instalada uma unidade de inteligência. Já esperávamos que, com o tempo, o aeroporto se tornasse um ambiente cada vez mais hostil ao tráfico”, afirmou.

Souza destacou que a Operação Sentinela, em 2023, resultou em 55 prisões. Já em 2024, com a Operação Portão 8, os flagrantes começaram a se tornar mais espaçados. A tendência de queda continuou em 2025, impulsionada pela instalação de novos equipamentos de fiscalização.

“Com a implantação de body scanners — que tornam impossível a passagem com drogas presas ao corpo — e equipamentos de visualização tridimensional de bagagens, tornou-se muito mais difícil burlar a segurança. Isso pode dar a impressão de que estamos trabalhando menos, mas é justamente o contrário”, explicou o chefe da PF.

Perfil das chamadas “mulas”

A maioria das pessoas presas em flagrante — as chamadas “mulas”, cooptadas por organizações criminosas para transportar drogas — vem de outros estados ou países. Segundo a PF, é raro que moradores da região de Campinas tentem embarcar com entorpecentes, dada a notoriedade do rigor na fiscalização de Viracopos.

“Hoje, é praticamente impossível utilizar alguns métodos que eram comumente empregados pelo tráfico. Viracopos é o único aeroporto da América Latina com esse nível de tecnologia e inteligência. As prisões geralmente ocorrem com pessoas de fora, que não têm o mesmo acesso à informação que quem vive aqui”, concluiu Souza.

Perfil das drogas apreendidas

O relatório da Polícia Federal mostra que a cocaína segue como a principal substância apreendida. Dos oito flagrantes registrados em 2025, cinco envolveram essa droga. A quantidade total de entorpecentes apreendidos até agora é de 64 kg — sendo 44 kg de cocaína (21 kg em voos domésticos e 23 kg em voos internacionais) e 20 kg de maconha. Não houve registro de apreensão de outras drogas no período.

Perfil dos presos

As nove pessoas presas em 2025 envolvem quatro homens e cinco mulheres. Sete são brasileiros e dois, estrangeiros. Seis foram detidos ao tentar embarcar em voos internacionais, e três em voos domésticos. A média de idade dos detidos é de 28 anos, com a pessoa mais jovem tendo 19 anos e a mais velha, 37.

Mudança nas rotas do tráfico

As rotas entre Viracopos e Paris, que foram as mais utilizadas por traficantes nos anos anteriores — com 24 prisões em 2023 e 28 em 2024 —, também apresentaram queda: apenas seis pessoas foram presas nesse trecho em 2025. Não houve registros de flagrantes nas rotas para Lisboa ou Manaus neste ano, o que contrasta com os números dos anos anteriores.

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