A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (2), a Operação White Coffee, com o objetivo de desarticular uma associação criminosa especializada no tráfico internacional de drogas. A ação incluiu o cumprimento de oito mandados de prisão preventiva e 11 de busca e apreensão nas cidades de Campinas, Santo Antônio de Posse, e São Paulo. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de bens e valores dos investigados.
As investigações começaram em setembro de 2024, quando um flagrante realizado pelo 1º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) revelou um laboratório clandestino de drogas em Campinas. Dois suspeitos foram presos enquanto tentavam enviar um quilo de cocaína para a Itália dentro de garrafas térmicas. Com base no material apreendido, a PF identificou um grupo estruturado que dominava desde o refino das drogas até sua logística internacional.
“A operação White Coffee que nós deflagramos hoje, ela é decorrente de um flagrante que ocorreu em setembro do ano passado. A Polícia Militar nos acionou em razão de uma possibilidade de tráfico internacional de drogas e nós, ao tomarmos conhecimento, nós acabamos encontrando junto com a Polícia Militar um laboratório ilícito de drogas”, explicou o chefe da Polícia Federal em Campinas, Edson de Souza.
Os criminosos utilizavam técnicas sofisticadas para despistar as autoridades. Substâncias eram escondidas em garrafas térmicas e outros objetos comuns, como brinquedos infantis, e enviadas por meio de serviços postais internacionais. Para se comunicar sem levantar suspeitas, o grupo empregava uma linguagem cifrada, utilizando termos como “café”, “mamadeira” e “peruana” para se referir às drogas.
“Primeiro, para remessa eram utilizadas, muito comumente, garrafas térmicas. Então, eles escondiam em garrafas térmicas e encaminhavam por encomendas postais de diversas empresas. Então, não importava qual era a empresa utilizada, eles disfarçavam com objetos de crianças, garrafas térmicas e assim por diante”, detalhou Souza. As drogas eram enviadas principalmente para países da Europa, como Portugal, Itália, Inglaterra, Alemanha e Dinamarca, além de Dubai, no Oriente Médio.
Ao menos 16 envios foram realizados pelo grupo em um período de três meses, cada um com cerca de 1 kg de drogas cada. O Chefe da Polícia Federal em Campinas contou ainda que estrutura da organização não era hierárquica, e os envolvidos desempenhavam múltiplas funções dentro do esquema. “É uma associação criminosa. Diferentemente da organização criminosa, em que você tem uma distinção de funções, na associação todos executam mais ou menos todas as atividades”, afirmou o chefe da PF.
A análise de dispositivos eletrônicos e registros bancários revelou a existência de um esquema de lavagem de dinheiro, no qual os suspeitos utilizavam empresas de fachada para movimentar os valores obtidos ilegalmente. Além das remessas de drogas, os investigados criavam microempresas fictícias para justificar os recursos obtidos com o tráfico. A prática envolvia o uso de “laranjas” e “testas de ferro” para dificultar o rastreamento financeiro e ocultar a origem ilícita dos valores. A PF apura a extensão desse esquema e a possível participação de outros envolvidos.
Dos oito alvos de mandado de prisão, dois já estavam presos desde o ano passado, quando foram detidos pelo Baep. Mais três foram presos na operação, enquanto outros três não foram localizados. Os acusados deverão responder pelos crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro, cujas penas máximas somadas ultrapassam 40 anos de prisão.
O nome da operação é uma referência ao termo “café”, usado pelos investigados em sua linguagem cifrada para se referir à cocaína.
