sexta-feira, 22 novembro 2024

Carioba terá sistema contra incêndio

Um sistema unificado de prevenção e combate a incêndios no parque fabril de Carioba será licitado e executado pela Prefeitura de Americana, responsável legal pelo patrimônio arquitetônico histórico. O projeto contempla a construção de um reservatório, bombas de recalque, uma rede de distribuição de água e a instalação de hidrantes e acessórios.

Os permissionários do complexo elaboraram o plano de ações ainda no ano passado e já se organizavam para conseguir recursos para as obras – algo em torno de R$ 700 mil. Cerca de cinco mil metros quadrados do parque foram devastados por um incêndio, na noite de 5 para 6 setembro.

Foi transformado em cinzas exatamente o galpão onde foi instalada a primeira tecelagem da região, ainda na segunda metade do século 19, quando a antiga Vila dos Americanos brotava ao redor da estação ferroviária.

O fogo se alastrou por outros galpões anexos. Derrubou paredes e telhados, estilhaçou vidraças , transformou teares e urdideiras em um amontoado de ferro retorcido. O prejuízo material foi da ordem de R$ 5 milhões.

A administração mira a reforma e a retomada das atividades no complexo para que se possa salvar, ainda, as fachadas histórias e detalhes ornamentais que ameaçam ruir. Todo o trecho permanece isolado à circulação pública. Se tenta ainda salvar o pouco da história que ainda resta.

Mas ainda existe um obstáculo a ser superado antes da abertura da licitação para a contratação dos serviços. De acordo com o secretário municipal de Planejamento, Ângelo Sérgio Marton, são necessárias alterações importantes no projeto original, de modo que o sistema anti-incêndio passe a contemplar todo o complexo tombado.

Até agora, o permissionário que era o locatário de cada galpão improvisava seus próprios equipamentos para enfrentar os riscos de incêndio. Havia pequenas fábricas, aliás, que não contavam sequer com extintores básicos. Todo o complexo tinha fiações soltas e ligações improvisadas.

“Fomos orientados a apresentar um projeto único para todos os salões”, afirma Morgana Bellan, tesoureira da Aspeca (Associação dos Permissionários de Carioba).

RETOMADA

Enquanto aguardam a reforma e a instalação de um sistema anti-incêndio que lhes garanta um alvará para a retomada das atividade, os empresários afetados pelo incêndio – que se espalhavam pela área devastadas – procuram alternativas para retomar o trabalho.

A prefeitura e os permissionários negociam a locação de um galpão disponibilizado pela Vicunha. Segundo Marton, não existe ainda valor determinado do aluguel, nem prazo para a ocupação das dependências. O contrato ainda não está fechado. Primeiro, se busca um acordo sobre quem vai arcar com as despesas.

Os permissionários já arcavam com aluguéis simbólicos dos galpões históricos destruídos pelo fogo. Mas agora batalham linhas de crédito e vão gastar dinheiro com novos equipamentos.

Sem máquinas virando, de nada vale alugar um galpão novo. E, se assumir dívidas com financiamento, o empresário vai ter dificuldades para pagar aluguel.  Por isso, segundo Morgana, a associação negocia uma ajuda de custo da prefeitura.

Empresária vai pedir ressarcimento na Justiça

Nem todos os permissionários de Carioba estão dispostos a aguardar uma ajuda da prefeitura para a retomada das atividades. Há, no grupo, empresários que vão exigir na Justiça o ressarcimento de prejuízos que, segundo eles, foram causados por culpa da prefeitura.

Nanci de Pontes Pértile empresária estabelecida desde 1978 em Carioba, afirma que teve um prejuízo de R$ 850 mil. Perdeu máquinas, fios, tecidos. Só teares foram 36. Ela afirma que a Administração deve arcar com os custos da compra de novos equipamentos e o aluguel de um novo galpão.

A empresária registrou um boletim de ocorrência no plantão policial logo no dia 9, três dias após a tragédia. No dia 16 protocolou na prefeitura um requerimento endereçado ao prefeito, onde relaciona todas as suas exigências.

No documento, a requerente afirma que o complexo fabril estava em condições precárias, sem manutenção eficiente e que muitas tecelagens não tinham sequer extintores. A prefeitura, resumiu, deve ser punida por não zelar de um patrimônio que era de sua responsabilidade. Por se tratar de um imóvel tombado, disse, os empresários ainda eram proibidos de fazer reformas.

A prefeitura não se pronunciou sobre esse caso específico.

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