sexta-feira, 26 abril 2024

Chuva em junho é três vezes menor do que a média

O volume de chuva em junho na RMC (Região Metropolitana de Campinas) foi três vezes menor do que o registrado na média histórica, o que já vem ocorrendo em todos os meses deste ano. Os dados são do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Especialista aponta que a tendência é de que a região enfrente períodos mais secos pelas próximas três décadas.

O índice mostra que choveu 10,1 milímetros (mm) neste mês, sendo que a média para o período é de 35,4 mm. O volume também é inferior ao registrado em junho do ano passado, quando choveu 27,4 mm.

Segundo a meteorologista e pesquisadora do Cepagri, Ana Ávila, a situação ocorre desde o começo do ano. “Todos os meses até agora foram abaixo da média. É uma situação que já vem ocorrendo. Em 2017, até maio choveu acima da média. Depois junho, julho e setembro foram secos. Voltou a chover em outubro. Esse ano está bem diferente”, apontou.

Em maio deste ano choveu apenas 8,6 mm, enquanto em 2017 foi registrado 130,2 mm. Abril de 2018 registrou 44,4 mm de chuva, enquanto o ano passado teve 88,1 mm.

LA NIÑA
De acordo com o professor de Hidrologia e Recursos Hídricos da Unicamp, Antonio Carlos Zuffo, a região passa por um ciclo climático onde o La Niña é mais recorrente. Trata-se de um fenômeno que interfere na circulação da atmosfera, provocando redução das chuvas em diversos países. É o exato oposto do El Niño, que aumenta as chuvas na nossa região.

“Nosso clima passa por ciclos de longo período, que podem variar de 20 a 50 anos. O que aconteceu de 1976 a 2008 é que o número de efeito El Niño foi superior ao La Niña. De agora até duas, três décadas para frente, vamos ter mais efeitos La Niña, ou seja, menores precipitações na região”, explicou Zuffo.

Isso não significa que todo ano será de chuvas abaixo da média. Porém, os períodos com baixas precipitações serão mais frequentes do que foram em décadas anteriores. O professor não acredita, no entanto, que haverá uma crise hídrica tão severa quanto à registrada em 2014.

“Igual 2014 é difícil porque foi muito extremo, mais crítico do que nos anos de 1953 e 1954. Mas acho que serão mais recorrentes os anos seguidos com baixas precipitações”, disse Zuffo.

Cidades apostam em barragens
Uma das medidas adotadas na região para tentar minimizar os riscos de desabastecimento é a construção de barragens. No começo do mês, o DAE (Departamento de Água e Esgoto) de Americana anunciou que contratou uma empresa para a criação de uma barragem de água, que visa elevar o nível do Rio Piracicaba. O prazo previsto para encerrar os serviços é de seis meses.

O objetivo é garantir a cota mínima necessária para o funcionamento das bombas no ponto de captação, com elevação mínima de 1 metro em época de estiagem. No ponto da barragem, a elevação em vazão média será de 44 centímetros acima das condições atuais, segundo o DAE. Em anos anteriores, a estratégia era realizar enrocamentos para elevar o nível do rio em época de seca.

Antes disso, em março, foi anunciada a construção de barragens em Pedreira e Amparo, que serão implantadas nos rios Camanducaia e Jaguari. O objetivo é reduzir a dependência da região de Campinas do Sistema Cantareira. As obras devem ser concluídas em dois anos e meio, segundo o Daee (Departamento de Água e Energia Elétrica).

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