
As cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) registraram 13.590 retiradas de absorventes menstruais entre janeiro de 2024 e setembro de 2025, segundo dados do Departamento de Atenção à Saúde da Mulher, do Ministério da Saúde. Somente em Campinas, foram contabilizadas 5.390 retiradas no período.
Os números fazem parte do Programa de Promoção e Proteção da Saúde e da Dignidade Menstrual, que busca combater a precariedade menstrual, ampliar o acesso a absorventes e oferecer informações sobre o ciclo menstrual, promovendo autonomia e dignidade para pessoas que menstruam.
Objetivo do programa
De acordo com o Ministério da Saúde, o programa também tem como foco ampliar a educação em saúde menstrual e estimular o debate público sobre o tema. A iniciativa pretende reduzir estigmas históricos associados à menstruação e garantir que o assunto seja tratado como parte da saúde integral.
“O programa se propõe a olhar para toda a população e trazer essa discussão à tona na sociedade, desmistificando tabus e retirando a ideia de que a menstruação deve ser invisibilizada”, explicou a diretora do Departamento de Atenção à Saúde da Mulher, Mariana Seabra.
Distribuição e rede de atendimento
A oferta gratuita de absorventes é realizada por meio das farmácias credenciadas ao Programa Farmácia Popular do Brasil. Segundo o Departamento, cerca de 2,5 milhões de pessoas são atendidas atualmente, com a distribuição de mais de 250 milhões de absorventes em todo o país. O repasse às farmácias credenciadas já soma aproximadamente R$ 125 milhões.
Na região de cobertura da TV TODODIA, 358 farmácias participam do programa, sendo 130 em Campinas, 51 em Piracicaba, 46 em Limeira, 34 em Americana, 27 em Sumaré, 24 em Santa Bárbara d’Oeste, 16 em Hortolândia, 15 em Paulínia, 8 em Nova Odessa e 7 em Cosmópolis.
“Todas as farmácias que fazem parte do Farmácia Popular também participam do programa de dignidade menstrual. O governo monitora a dispensação a partir da quantidade de absorventes distribuídos”, reforçou Mariana Seabra.

Quem tem direito
Podem participar do programa meninas, mulheres e demais pessoas que menstruam, com idade entre 10 e 49 anos, cadastradas no Cadastro Único (CadÚnico) e que atendam a pelo menos um dos seguintes critérios: renda mensal de até R$ 218 por pessoa, situação de rua ou condição de estudante de baixa renda da rede pública, com renda familiar per capita de até meio salário mínimo.
Moradora do bairro Monte Verde, em Americana, Marinete Maria de Oliveira relatou que passou a utilizar o benefício após conhecer o programa por indicação de uma amiga. Segundo ela, o cadastro foi feito pelo aplicativo Meu SUS Digital de forma simples e rápida.
Mudanças no acesso ao benefício
Desde dezembro, as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de todo o país passaram a emitir a autorização necessária para retirada dos absorventes nas farmácias credenciadas. Antes, o documento era gerado exclusivamente pelo aplicativo Meu SUS Digital.
Com a mudança, pessoas que têm dificuldade no acesso digital podem solicitar a autorização diretamente na UBS. Qualquer profissional de saúde pode emitir o documento no momento do atendimento.
“Quanto mais acesso a gente possibilita, mais fortalecemos o programa. Agora, além do aplicativo, a atenção primária também participa diretamente da emissão das autorizações”, afirmou a diretora do departamento.
A autorização tem validade de 180 dias. A cada emissão, é possível retirar 40 absorventes, quantidade considerada suficiente para dois ciclos menstruais.

Impacto na saúde da mulher
Além de facilitar o acesso ao item de higiene, o programa também auxilia as equipes de saúde a identificar mulheres e adolescentes que têm direito ao benefício durante os atendimentos de rotina nas UBSs.
Para o Ministério da Saúde, a saúde menstrual deve ser tratada como parte da saúde integral. “É fundamental que a saúde menstrual esteja no centro da agenda do cuidado, especialmente para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade”, destacou Mariana Seabra.





