“Mantra” do governador João Doria (PSDB) em todas as coletivas sobre o combate à Covid-19, o “precisamos de mais vacinas” é também a opinião dos responsáveis pelas Secretarias de Saúde das cidades da região de Americana. Iniciada em 21 de janeiro, a vacinação segue a passos lentos pela baixa oferta de doses e, segundo os secretários, com mais vacinas à disposição, as cidades teriam estrutura para imunizar um número maior de pessoas por dia.
A reportagem do TODODIA calculou a média diária de pessoas vacinadas em Americana, município que mais recebeu e mais aplicou doses na região desde o início da campanha. Foram, até o balanço desta sexta-feira (5), 13.370 pessoas vacinadas em 32 dias úteis e um sábado. Aos finais de semana, a vacinação não tem ocorrido.
Isso dá uma média de 439 doses aplicadas por dia, mas houve, no período, dias em que a vacinação de primeira dose parou por falta de doses e dias em que mais de 1.000 foram vacinadas. Há que se considerar, também, que nas últimas duas semanas teve início também a aplicação da segunda dose.
Considerando que Americana tem cerca de 183 mil pessoas com mais de 20 anos, público adulto, que será vacinado, se mantido esse ritmo, a cidade levaria 439 dias para terminar a aplicação da primeira dose a partir de 21 de janeiro de 2021, quando começou. Ou seja, concluiria a vacinação em 21 de março de 2022, faltando ainda a segunda dose.
Essa não é, porém, a previsão que tem anunciado o governo do estado. Nas coletivas, Doria tem dito que irá vacinar todos os paulistas até o final de 2021. Para isto, o Estado está investindo R$ 20 milhões em doses da vacina com o próprio orçamento.
No Brasil, é responsabilidade do governo federal prover vacinas e o Ministério da Saúde tem prometido disponibilizar doses suficientes para a imunização do país até o final do ano.
De acordo com os secretários ouvidos pelo TODODIA, caso tais promessas de aumento no envio das vacinas sejam cumpridas, as equipes municipais estão preparadas para acelerar a aplicação.
“Quando a vacina está disponível, as equipes técnicas têm sido muito resolutivas e atuando num ritmo condizente com a realidade local, dando maior celeridade possível. Nossas equipes são habilitadas nesse processo, pois já realizam outras campanhas de vacinação anualmente. Havendo mais vacina é possível ampliar o leque de imunizados, porque permite uma logística mais adequada, além de não haver interrupções”, explicou o secretário de saúde de Americana, Danilo Carvalho Oliveira.
Na vizinha Santa Bárbara d’Oeste, a avaliação da secretária de saúde, Lucimeire Coelho Rocha, é parecida. “Sem uma previsão do número de doses a serem recebidas, não conseguimos mensurar de quanto seria esse aumento. Mas com certeza haveria uma elevação das doses aplicadas diariamente”, disse.
O secretário de saúde de Hortolândia, Dênis André José Crupe, disse que, com mais doses, a cidade poderia ampliar a vacinação para outros grupos etários e que a escassez de doses impossibilita avanços nesse sentido.
“Hoje, a prefeitura dispõe de estrutura física e recursos humanos e materiais para aumentar a velocidade de vacinação, caso recebesse mais quantitativos de doses oriundas do Programa Nacional de Imunização”, garantiu.
Nesta semana, o governador anunciou que o Instituto Butantan, responsável por 85% das vacinas aplicadas no Brasil, vai entregar um número maior que o previsto até o fim de março: 21 milhões de doses e, até o fim de abril, terá entregue 46 milhões de doses, destinadas a abastecer todos os municípios do país.
Até o fim de agosto estão previstas mais 54 milhões de doses da CoronaVac para o Ministério da Saúde e só depois o Estado irá receber suas próprias 20 milhões de doses.
De acordo com a coordenadora do PEI (Plano Estadual de Imunização), Regiane de Paula, nesta segunda (8) será divulgada nova fase da vacinação no estado.
Na coletiva de ontem, ela também clamou ao governo federal por mais vacinas. “Temos feito muito, trabalhado incansavelmente, mas poderíamos fazer muito mais, se mais vacinas tivéssemos. Precisamos que o governo federal tome uma iniciativa”, disse.
A reportagem questionou o Ministério da Saúde sobre a demora para disponibilizar vacinas de outras marcas além da CoronaVac e novas previsões, mas não houve resposta.