segunda-feira, 29 dezembro 2025
APÓS POLÊMICA

Com mudança de última hora, projeto que aumenta IPTU em Piracicaba é aprovado pela Câmara; saiba como votaram os vereadores

Proposta teve 14 votos favoráveis e sete contrários
Por
Airan Prada
Sessão durou cerca de quatro horas. Foto: Airan Prada e Pablo Ruan/TV TODODIA

A Câmara Municipal de Piracicaba aprovou, nesta segunda-feira (29), o novo Código Tributário do município. O texto passou com 14 votos favoráveis e sete contrários, após uma sessão marcada por articulações de última hora e forte divergência sobre os impactos da proposta.

O projeto revisa a legislação tributária municipal e, no ponto que concentrou os principais debates, promove a atualização da PGV (Planta Genérica de Valores), base utilizada para definir o valor venal dos imóveis e, a partir dele, o cálculo do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).

Mudança de última hora viabilizou a votação
A deliberação só foi possível após uma alteração apresentada por vereadores da base governista. A matéria havia sido retirada da pauta no dia 15 por falta de quórum mínimo para apreciação. Com a mudança, Executivo e aliados afirmam ter ampliado os descontos no imposto e reduzido o impacto médio do reajuste.

Segundo os cálculos apresentados pela prefeitura, o reajuste bruto médio inicialmente previsto era de 21,5%. Após a aplicação dos descontos e redutores aprovados, o aumento médio final do IPTU cairia para 3,3%.

Votação foi retomada após matéria ser retirada da pauta no último dia 15. Foto: Rodrigo Alves/Câmara Municipal

Mercado contesta números oficiais
Os percentuais divulgados pelo Executivo são questionados por representantes do mercado imobiliário. Em entrevista à TV TODODIA antes da votação, o especialista do setor Nícolas Bargiela afirmou que simulações baseadas na nova metodologia indicam aumento médio em torno de 200% para mais de 90% dos imóveis do município.

Na justificativa do projeto, a prefeitura sustenta que a ampliação dos descontos atende a critérios de justiça fiscal, capacidade contributiva e previsibilidade da arrecadação. O Executivo argumenta ainda que a medida busca incentivar a adimplência e suavizar os efeitos do reajuste da base de cálculo. Também há menção à defasagem dos valores.

Tramitação acelerada e pontos em aberto
O projeto foi protocolado no Legislativo em 1º de dezembro e votado em menos de 30 dias. A rapidez da tramitação, somada à extensão e complexidade do texto, gerou críticas sobre a falta de tempo para análise aprofundada por vereadores e pela sociedade.

Com a emenda aprovada, o número de imóveis que teriam redução no IPTU passou de cerca de 60 mil para aproximadamente 100 mil, dentro de um universo superior a 200 mil imóveis cadastrados em Piracicaba.

Placar mostra resultado da votação em primeira discussão. Foto: Letícia Alves/TV TODODIA

Argumento da prefeitura e contraponto federal
O principal argumento do Executivo para acelerar a votação foi a necessidade de atualização da PGV diante da Reforma Tributária Nacional, sob o risco de prejuízos futuros nos repasses federais. Também foram citados pareceres do TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) nesse sentido.

Em contraponto, em setembro, o governo federal divulgou comunicado rebatendo alegações semelhantes feitas por outros municípios. No texto, a União afirma ser falsa a informação de que a reforma criaria uma “nova regra da Receita” capaz de elevar automaticamente o IPTU ou o imposto sobre heranças.

Segundo o documento, o IPTU é um tributo municipal, que só pode ser alterado conforme a legislação de cada cidade, enquanto o imposto sobre heranças é estadual. A Receita Federal, afirma o governo, não possui competência constitucional para interferir em nenhum dos dois casos.

Como votaram os vereadores

Favoráveis ao projeto:

  • Alessandra Bellucci (Avante)
  • Fábio Silva (Republicanos)
  • Fabrício Polezi (PL)
  • Felipe Gema (SD)
  • Gesiel de Madureira (MDB)
  • Gustavo Pompeo (Avante)
  • Josef Borges (PP)
  • Paraná (PSD)
  • Paulo Henrique (Republicanos)
  • Pedro Kawai (PSDB)
  • Renan Paes (PL)
  • Thiago Ribeiro (PRD)
  • Zezinho Pereira (União)
  • Wagner Oliveira (PSD)

Contrários ao projeto

  • André Bandeira (PSDB – *Ausente na segunda discussão)
  • Ary Pedroso Jr. (PL)
  • Edson Bertaia (MDB)
  • Laércio Trevisan Jr. (PL)
  • Marco Bicheiro (PSDB)
  • Rafael Boer (PRTB)
  • Rai de Almeida (PT)

Não votaram:

  • Rerlison Resende (PSDB) – por ser o presidente da Casa
  • Silvia Morales (PV) – ausente

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também