Pouco mais de 20 dias depois de relaxar parcialmente regras da chamada Fase de Transição do Plano São Paulo, estendendo o horário de funcionamento de comércios e serviços, a região de Campinas vive agora um cenário de aumento de casos e internações, e caminha, nas próximas semanas, para um provável aumento de mortes causadas pela Covid-19 – em uma terceira onda da pandemia.
De acordo com dados da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), nesta sexta-feira (28), o DRS (Departamento Regional de Saúde) de Campinas, formado por 42 cidades, tinha índice de 400 novos casos de Covid registrados por dia para cada 100 mil habitantes, e média móvel de 225 internações por dia ao longo da última semana. São números semelhantes ao início da segunda onda da pandemia, vivida em março.
As duas curvas, de casos e internações, estão em movimento de subida há 15 dias, sem nem ao mesmo ter chegado a um ponto mais baixo que o pico da primeira onda, de julho do ano passado.
Neste momento, apenas o índice de mortes para cada 100 mil habitantes segue caindo, mas como os casos e internações aumentaram, a previsão é de que os óbitos tornem a subir.
Na análise da infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp, os dados apontam para uma imininente chegada da terceira onda da pandemia, caso não sejam adotadas medidas para aumentar o isolamento social e o ritmo da vacinação.
“Nós não chegamos a sair da segunda onda. A opção pela flexibilização foi muito precoce, no sentido que aconteceu quando começamos a ter poucos dias de redução de casos, sem que chegássemos a ter um reflexo importante de redução da taxa de ocupação de leitos. A gente já estava com o sistema próximo do limite, então não saímos da segunda onda e já estamos engrenando numa subida”, apontou.
De acordo com Raquel, é provável que a terceira onda seja ainda mais grave, já que os profissionais de saúde estão ainda mais esgotados, podem faltar insumos para os internados e intubados e também há risco de novas variantes se espalharem com mais força.
“Daqui umas duas semanas possivelmente vai refletir no aumento de mortes. Já estamos começando a subir de novo em um cenário de recursos da saúde muito ruim, tanto em relação a leitos quanto profissionais, que não têm um alívio há quase 15 meses, estão extremamente desgastados”, disse.
A saída, para a professora, é a retomada de medidas de distanciamento social e a aceleração da vacinação.
“É uma situação que preocupa demais. O que pode talvez fazer com que o cenário não seja tão dramático é se a gente acelerar a vacinação, pode segurar essa curva, além do retorno para o isolamento, que já era para ter ocorrido. Mas aqui na região não vemos esse movimento. Já temos os hospitais próximos do limite novamente”, alertou Raquel.
AMERICANA
Em Americana, o cenário de ocupação de leitos já aponta para o retorno ao período mais crítico, já que nesta sexta a taxa geral de ocupação de leitos para Covid-19 no município era de 86% entre os leitos com respiradores (de 84 no total, 71 estão ocupados) e de 87% nos leitos sem respiradores (de 79 no total, 69 estão ocupados).