Um vídeo circula nas redes sociais desde o início da semana mostrando um comerciante da Praia Azul, em Americana, que realiza o ‘resgate’ de três pescadores de Itupeva que ficaram com a embarcação presa nos aguapés da Represa de Salto Grande. O caso aconteceu domingo passado.
De acordo com o autor do vídeo, Oscar Fabiano Bueno, 44, mais conhecido como Bié, esse foi o sétimo resgate do qual ele participou este ano. O comerciante, que há nove anos possui um quiosque na orla da praia, contou que cerca de 40 embarcações chegam a passar pela represa num único fim de semana. “As pessoas não sabem o perigo que os aguapés representam, principalmente para o motor das embarcações. Eu entrego cartões de visita com meu telefone para as pessoas que passam pelo meu quiosque para que, em caso de emergência, elas possam me ligar”, explicou.
O aguapé prensou eles de uma forma que o motor do barco chegou a quebrar
Segundo Bié, no sábado ele também ajudou dois homens que ficaram presos nas plantas aquáticas da represa. “Dois caiaqueiros ficaram presos nos aguapés e me chamaram para ajuda-los. No domingo aconteceu esse caso do vídeo com dois rapazes e um senhor de 61 anos que tentavam pescar. O aguapé prensou eles de uma forma que o motor do barco chegou a quebrar. O resgate levou cerca de cinco horas”, contou.
A Secretaria de Meio Ambiente de Americana informou que “a Prefeitura tem conhecimento da situação e está fazendo o levantamento financeiro para execução de um cinturão, juntamente com a CPFL Renováveis (que possui a outorga para retirar água da represa), para que deixe os aguapés o mais distante possível da orla. Por sua vez, a CPFL Renováveis, por perceber que não estava adiantando a retirada de aguapés que estava fazendo no local, contratou uma empresa, em janeiro deste ano, com o intuito de realizar um estudo com duração de um ano, para apontar qual a melhor técnica para retirada desse aguapé. Além disso, ressalta-se que existem vários fatores que ajudam na proliferação dos aguapés, como a quantidade de fósforo e nitrogênio”.
A CPFL Renováveis informou que “acompanha a questão das macrófitas no reservatório da PCH Salto Grande desde a década de 1990. Entretanto, a partir de monitoramento, verificou-se que a taxa de crescimento é superior a qualquer mecanismo de remoção mecânica, o que demonstra a baixa eficácia deste tipo de manejo.”
Ainda segundo a nota a CPFL Renováveis desenvolve um estudo, liderado por “um pesquisador da Unesp, um dos maiores especialistas do país no manejo de plantas aquáticas. Tal estudo tem o objetivo de apontar alternativas de manejo com maior eficiência. Todavia, a empresa destaca que a solução definitiva da situação do reservatório somente ocorrerá através da implementação de políticas públicas que promovam a efetiva melhoria do saneamento na região”.