sábado, 23 novembro 2024

Comida no lixo e fome no planeta

Hoje é Dia Mundial da Alimentação. A data, celebrada desde 1981, propõe a reflexão sobre a fome no mundo. E há boas razões para se debater o tema. Pouca gente sabe, mas só nos 20 municípios da RMC (Região Metropolitana de Campinas) diariamente são desperdiçados nada menos que 60 mil quilos de comida em 12 mil bares e restaurantes, segundo cálculos da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). 

“Haveria menor desperdício se todas as cidades tivessem um banco de alimentos efetivo, que reaproveitasse o que os estabelecimentos jogam fora”, diz o presidente regional da associação, Matheus Mason. 

O setor é forte, gera emprego e renda, movimenta bilhões. E mais de 70% dos estabelecimentos são bares e restaurantes que não fazem parte de redes. Muitas pequenas e médias empresas. Os próprios empreendedores, no caso, investem em ações para conter as perdas, reduzindo os próprios custos, sem abrir mão da segurança alimentar dos clientes. 

ALTERNATIVAS 

VILA PARAÍSO | Horta

Campinas tem bons exemplos de estabelecimentos que buscam reduzir o desperdício. O Dom Brejas Brew Bar, no Taquaral, recebe do fornecedor carnes com formatos já fracionados. No caso do prato assado, as peças vão para a mesa do cliente como compradas, inteiras. O desperdício é zero. Os cortes fracionados permitem reaproveitamento em lanches e porções. 

A PRÓPRIA HORTA 

O Restaurante Vila Paraíso, em Joaquim Egídio, produz os próprios suprimentos. A casa tem uma horta de 3 mil metros quadrados. Há temperos, ervas, folhas, legumes. Tudo matéria-prima para o chef Ricardo Barreira. “Se optou pela qualidade, pelo frescor e pela sustentabilidade do processo, do canteiro à mesa. E se gasta menos com fornecedores”, afirma. 

INSTITUTO AKATU SUGERE UM ‘PF’ BALANCEADO 

O PF, carinhosa sigla do popular “Prato Feito”, é um exemplo de desperdício em bares e restaurantes. É muita comida pra pouco prato. 

No Brasil, 26,3 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas por ano segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura). 

Com o montante jogado no lixo, seria possível satisfazer as necessidades nutricionais de 11 milhões de pessoas. Uma das formas mais eficientes de diminuir esses números é mudar o prato. 

O Instituto Akatu – organização privada de incentivo à sustentabilidade – juntou-se à Wunderman Thompson (uma das maiores agências mundiais de publicidade digital) em uma campanha pelo consumo consciente. 

Os chefes elaboram o PF mais nutritivo, econômico e mais sustentável. Se propõe quantidades mais balanceadas de alimentos, para não sobre comida. E a montagem do PF em três tamanhos, sem perdas nutricionais. 

820 MI NÃO TÊM ALIMENTO, CALCULA FAO 

A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) estima que mais de 820 milhões de pessoas passam fome no mundo. Ou seja, um em cada nove seres humanos não tem o que comer. 

O número, que consta no relatório “O estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018” é um desafio. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU é acabar com a fome no mundo até 2030. No Brasil, 14 milhões de pessoas não possuem comida na mesa. 

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