
A 5ª Conferência Municipal da Mulher foi realizada no último sábado (19) em Piracicaba. Organizada pelo Conselho Municipal da Mulher, com apoio da Prefeitura de Piracicaba, por meio da Secretaria de Cidadania e Parcerias, o evento teve como tema “Mais Democracia, Mais Igualdade, Mais Conquistas para Todas”, e reuniu sociedade civil, representantes do poder público e movimentos sociais.
Dados preocupantes
O evento trouxe números preocupantes sobre a violência contra a mulher e a informação de que, em Piracicaba, 55 mil mulheres vivem em estado abaixo da pobreza. Segundo os dados apresentados na Conferência, o Brasil tem quatro mulheres assassinadas por dia, sendo 68,20% eram mulheres pretas. O Estado de São Paulo registra um boletim de ocorrência a cada cinco minutos.
A presidente do Conselho da Mulher de Piracicaba, Fabiana Menegon de Campos, enfatizou a importância de se debruçar sobre os dados de violência contra a mulher, que diferente da baixa de índices de violência de outros setores, o da mulher vem aumentando. “Isso é um grande desafio, enfrentar a violência contra a mulher em todos os espaços”, reforçou.
Colaborativa
A Conferência é um espaço de diálogo e construção coletiva de propostas para políticas públicas voltadas às mulheres. Como etapa preparatória, foram realizadas seis pré-conferências em diferentes regiões da cidade, para ampliar a escuta e garantir a participação de mulheres em sua diversidade.
A assistente social, Alicia Fernanda do Nascimento Araújo enfatiza a necessidade de mais mulheres trans participarem de ações que envolvam os direitos das mulheres. “Eu sou a única no evento, elas precisam trazer suas pautas”.
A vereadora Rai de Almeida (PT), esteve acompanhando o evento e comentou sobre a participação das mulheres na política da cidade, ela enfatiza a importância do evento como voz para que as mulheres sejam ouvidas e também para que participem das ações e planejamentos. “Pelas informações que temos, levaremos cerca de cem anos para termos a equidade de gênero nas representações de espaço de poder e decisão. Numa Câmara de Vereadores temos 23 representantes e apenas três mulheres, sendo que apenas duas atuam efetivamente na pauta, pois tem mulheres que não aderem à pauta, que acham desnecessário e que é ‘mimimi’ falar dos problemas da condição de desigualdade que as mulheres ainda vivem”, apontou.
A ex-vereadora e secretária da Sema (Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento), Nancy Thame, participou do evento e comentou que sempre há demandas em construção. “Em momentos com esta Conferência é onde precisamos ter união, para captar essas demandas de forma organizada e encaminhar para que tenhamos políticas públicas mais efetivas e com resultados”.
A vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Americana, Lea Amabile, foi a palestrante do evento e enfatizou a necessidade de levantar diagnósticos locais para atender demandas específicas da cidade.
A Conferência contou ainda com atividades culturais, grupos de trabalhos para discutir eixos sobre governança, enfrentamento da violência contra a mulher, autonomia financeira como estratégia para igualdade e políticas de saúde. Após esses levantamentos, as sugestões serão direcionadas para instituições responsáveis no âmbito municipal, estadual e federal.