segunda-feira, 21 julho 2025
DIREITOS DAS MULHERES

Conferência da Mulher em Piracicaba apresenta dados de violência preocupantes

Evento visa organizar sugestões de políticas públicas para as mulheres de Piracicaba
Por
Cássia Fossaluza
Evento reuniu mulheres representando diferentes segmentos. Foto: Divulgação

A 5ª Conferência Municipal da Mulher foi realizada no último sábado (19) em Piracicaba. Organizada pelo Conselho Municipal da Mulher, com apoio da Prefeitura de Piracicaba, por meio da Secretaria de Cidadania e Parcerias, o evento teve como tema “Mais Democracia, Mais Igualdade, Mais Conquistas para Todas”, e reuniu sociedade civil, representantes do poder público e movimentos sociais.

Dados preocupantes

O evento trouxe números preocupantes sobre a violência contra a mulher e a informação de que, em Piracicaba, 55 mil mulheres vivem em estado abaixo da pobreza. Segundo os dados apresentados na Conferência, o Brasil tem quatro mulheres assassinadas por dia, sendo 68,20% eram mulheres pretas. O Estado de São Paulo registra um boletim de ocorrência a cada cinco minutos. 

A presidente do Conselho da Mulher de Piracicaba, Fabiana Menegon de Campos, enfatizou a importância de se debruçar sobre os dados de violência contra a mulher, que diferente da baixa de índices de violência de outros setores, o da mulher vem aumentando. “Isso é um grande desafio, enfrentar a violência contra a mulher em todos os espaços”, reforçou. 

Colaborativa

A Conferência é um espaço de diálogo e construção coletiva de propostas para políticas públicas voltadas às mulheres. Como etapa preparatória, foram realizadas seis pré-conferências em diferentes regiões da cidade, para ampliar a escuta e garantir a participação de mulheres em sua diversidade. 

A assistente social, Alicia Fernanda do Nascimento Araújo enfatiza a necessidade de mais mulheres trans participarem de ações que envolvam os direitos das mulheres. “Eu sou a única no evento, elas precisam trazer suas pautas”. 

A vereadora Rai de Almeida (PT), esteve acompanhando o evento e comentou sobre a participação das mulheres na política da cidade, ela enfatiza a importância do evento como voz para que as mulheres sejam ouvidas e também para que participem das ações e planejamentos. “Pelas informações que temos, levaremos cerca de cem anos para termos a equidade de gênero nas representações de espaço de poder e decisão. Numa Câmara de Vereadores temos 23 representantes e apenas três mulheres, sendo que apenas duas atuam efetivamente na pauta, pois tem mulheres que não aderem à pauta, que acham desnecessário e que é ‘mimimi’ falar dos problemas da condição de desigualdade que as mulheres ainda vivem”, apontou. 

A ex-vereadora e secretária da Sema (Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento), Nancy Thame, participou do evento e comentou que sempre há demandas em construção. “Em momentos com esta Conferência é onde precisamos ter união, para captar essas demandas de forma organizada e encaminhar para que tenhamos políticas públicas mais efetivas e com resultados”.

A vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Americana, Lea Amabile, foi a palestrante do evento e enfatizou a necessidade de levantar diagnósticos locais para atender demandas específicas da cidade. 

A Conferência contou ainda com atividades culturais, grupos de trabalhos para discutir eixos sobre governança, enfrentamento da violência contra a mulher, autonomia financeira como estratégia para igualdade e políticas de saúde. Após esses levantamentos, as sugestões serão direcionadas para instituições responsáveis no âmbito municipal, estadual e federal.

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