quinta-feira, 25 abril 2024

CPFL vai retomar remoção de aguapés após 11 meses

Responsável pela Represa do Salto Grande, em Americana, vai retomar a remoção dos aguapés de maneira mecânica – quase um ano depois de ter paralisado o serviço de retirada das plantas, em janeiro. A ação deve começar em dezembro. Dois barcos, dois caminhões e uma escavadeira serão utilizados.

O anúncio foi feito ontem por uma equipe da CPFL Renováveis, que visitou o TODODIA para apresentar o Plano de Manejo de Plantas Aquáticas, que está em desenvolvimento.

A falta de tratamento dos esgotos nos rios que desaguam no reservatório é a principal causa da proliferação das plantas em Americana. As macrófitas (nome dos aguapés) ocupam 275 dos 1.200 hectares da barragem, e a remoção mecânica é a alternativa da empresa diante da demora em obter autorização ambiental para o vertimento das plantas aquáticas por meio de uma comporta, como foi proposto pela CPFL em setembro, em reunião com representantes da Prefeitura de Americana, Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e do Gaema (Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente) do Ministério Público.

EXPECTATIVA
A expectativa da CPFL era ter iniciado a remoção pela comporta de superfície no mês de outubro, para aproveitar o período do ano com maior volume e vazão de água.

O Plano de Manejo era escoar as plantas aquáticas por uma comporta com 1,5 metro de largura por 2 metros de altura, por uma lâmina de 20 centímetros de água capaz de escoar de 0,5 a 1 hectare por dia. Esse volume escoado seria maior do que o retirado historicamente de forma mecânica, quando eram removidos em média cinco hectares das plantas por mês. A proposta previa a abertura da comporta durante cinco dias na semana, por 8h diárias, somente nos períodos das chuvas, quando a vazão fosse maior.

O Gaema, porém, se opôs à ideia, temendo prejuízos ambientais, e pediu à Cetesb que não autorizasse o vertimento das macrófitas. Como alternativa, o Gaema sugeriu o escoamento das plantas de maneira gradual, em menos dias e por menor período – proposta que agora está sendo considerada pela CPFL Renováveis.

No último dia 23, a Cetesb informou que aguarda resposta do órgão gestor de recursos hídricos do Estado (DAEE) para concluir a análise do pedido da CPFL para implementação do plano experimental.

O primeiro registro da presença de macrófitas na Represa do Salto Grande data de 1985, quando havia 2,5 hectares das plantas na barragem. Cinco anos depois, este número saltou para 33 hectares e em 1995, 81 hectares da superfície estavam tomados pelos aguapés. Em 2000, eram 142 hectares, no ano seguinte, 191.

De acordo com o agrônomo Robinson Pitelli, professor aposentado pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) e especialista nas plantas, a remoção mecânica anterior estava subdimensionada, e as plantas cresciam na mesma velocidade em que eram retiradas.

O professor foi contratado pela CPFL para conduzir o estudo, que deve ser concluído em janeiro de 2019.

Além da remoção mecânica, também fazem parte das medidas paliativas os controles biológico, químico e ambiental das plantas. Ao fim do estudo, a CPFL Renováveis vai “utilizar uma artilharia de metodologias”, como explicou o gerente de Meio Ambiente e Operações da empresa, Daniel Daibert.

Para ele, o vertimento é seguro e pode ser adotado, sem prejuízo ambiental aos municípios à jusante – argumento do GAEMA para pedir a suspensão da autorização para o escoamento. “A nossa expectativa, e o que vamos demonstrar, é que essa planta vai chegar completamente destruída, isso se ela chegar lá”. Ele destacou que as ações são medidas paliativas. “A única solução para não haver este problema em Americana é se houver investimento em saneamento básico, com força política para que haja, a médio e longo prazo, efeitos significativos”, declarou.

 
 

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