Nada menos que 80,65% dos empresários da região de Campinas admitem que seus respectivos setores de atuação sofreram efeitos negativos com a pandemia. Eles apontaram a queda brusca das vendas, decorrente basicamente da queda de demanda por produtos e serviços. Quase metade dos empreendedores afirmam ter dificuldades para prosseguir até com os pagamentos de rotina, e 32,26% deles tiveram de demitir.
Os números, alarmantes, foram revelados pela pesquisa de sondagem industrial de junho, feita pelo Ciesp Campinas, o escritório regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. As impressões colhidas junto aos empresários demonstram que a economia atravessa uma crise profunda.
Sem expectativa de rápido restabelecimento dos negócios, até a reserva de capital dos próprios sócios vem sendo usada para manter o negócio de portas abertas.
A apreensão é enorme, e os setores afetados confiam em programas do governo para o parcelamento de impostos. Esperam, também, que a abertura de linhas de crédito contemple empresas de portes variados.
É que 51,61% não acreditam na retomada da economia ainda neste ano. Pior: para 38,71% dos respondentes, ela vai demorar pelo menos 12 meses.
BRASIL PARANDO
De acordo com José Nunes Filho, diretor do Ciesp Campinas, o dia-a-dia do empresário se resume, atualmente, em buscar capital de giro para investimentos na própria linha de produção, e em renegociar dívidas com os fornecedores. Medidas que, no caso, tentam compensar o desequilíbrio do caixa.
É que 64,52% das empresas também receberam, dos próprios clientes, a solicitação para prorrogação dos prazos de pagamento. Simples: quem não recebe também deixa de pagar. Na crise da economia que persiste, o Brasil vai parando, e os prognósticos são sombrios.
“O próprio governo federal se endivida para garantir o auxílio emergencial dos mais carentes. A dívida pública cresce sem parar, e uma hora esta conta vai ser cobrada”, afirma o dirigente.
Como era de esperar, afirma Nunes, os únicos setores que seguem fortes sãos os que faturam com produtos farmacêuticos e gêneros de primeira necessidade – como os alimentos. E eles significam apenas 19,35% de todos os segmentos representados pelo escritório regional do Ciesp Campinas.
Para se ter uma ideia exata da retração do momento, basta a constatação de que 19,35% de todos os empresários tiveram, simplesmente, de suspender a própria produção: as fábricas estão fechadas.
SAIBA MAIS
O Ciesp Campinas representa 494 empresas, distribuídas em 19 municípios da RMC. Juntas, elas faturam R$ 41,5 bilhões ao ano e empregam 98,8 mil funcionários. Das associadas, 84 são multinacionais e 194 exportam.