terça-feira, 7 outubro 2025
ABASTECIMENTO

De olho no nível do Cantareira, Campinas evita desperdício de 370 milhões de litros de água com uso de sensores e IA

Parceria da Sanasa com Microsoft e Amanco Wavin reduziu as perdas de água na cidade
Por
Guilherme Pierangeli

Uma parceria entre a Sanasa, a Amanco Wavin e a Microsoft resultou na economia de 370 milhões de litros de água em Campinas ao longo do último ano. Essa economia foi possível graças ao projeto criado na parceria entre as empresas, utilizando sensores e inteligência artificial para monitorar o sistema de abastecimento.

Depende do Rio Atibaia
A notícia vem em bom momento, pois Campinas capta mais de 95% da água utilizada na ciadde do Rio Atibaia, que faz parte do Sistema Cantareira. O reservatório principal do Cantareira iniciou o mês de outubro com o nível na casa dos 30%, o pior para esta época do ano desde a grave crise hídrica que atingiu o estado entre 2014 e 2015.

“Estamos atentos, acompanhando diariamente a questão do nível do Cantareira e temos aí aguardando as próximas chuvas para que o nível do Cantareira possa subir. Na verdade, a região metropolitana de São Paulo, ela tem um índice de perda maior que a cidade de Campinas, sem dúvida. Aqui nós investimos muito na troca de rede de água e isso faz com que o volume de água captado pela grande São Paulo no sistema Cantareira seja maior do que eles utilizam, e isso que tem causado a redução dos índices [do reservatório]. A cidade de Campinas tem a sua outorga garantida, mas está fazendo o dever de casa, então isso é fundamental”, disse o prefeito de Campinas, Dário Saadi.

Com menos desperdício, Campinas precisa captar e tratar menos água. Foto: Sanasa

Perdas em queda
Segundo a Sanasa, o sistema reduziu o índice de perdas de água tratada para a casa dos 16%, percentual bem abaixo da média nacional, que é de 40%.

“Nós chegamos na última medição a 16,2% do índice de perda de água tratada na distribuição. Os dados são muito importantes e fantásticos do ponto de vista da economia de água, economizando a água, você diminui a quantidade de água captada nos pontos de captação, você reduz o custo também, porque você precisa tratar menos água, distribuir menos água para atender a população como um todo, então os resultados foram sensacionais”, completou o prefeito.

Sensores pela cidade
O projeto instalou sensores em 1.137 pontos da cidade, que fazem o controle da pressão e da vazão das redes de distribuição a cada hora. As informações são processadas por um software de inteligência artificial capaz de detectar alterações e antecipar falhas, permitindo que ações sejam realizadas antes que ocorram rompimentos ou vazamentos.

De acordo com o presidente da Sanasa, Manuelito Magalhães Júnior, a tecnologia tem impacto direto na preservação dos mananciais. “370 milhões de litros que seria equivalente a um dia e meio do consumo de Campinas, isso economizado só com essa parceria, com o uso da inteligência artificial para a gente detectar pontos de vazamento e com isso atuar mais rapidamente. Quando a Sanasa iniciou o programa de redução de perdas em 1994, a Sanasa retirava algo em torno de 116 bilhões de litros dos rios todo ano. Hoje, com a população 50% maior, porque em 1994 a população era de 800 mil, e em 2024 é de 1 milhão e 200 mil habitantes, nós tiramos 107 bilhões de litros dos rios, ou seja, bem menos do que em 1994”.

Substituião de redes
Nos últimos quatro anos, a companhia também substituiu 473 quilômetros de redes antigas por tubos de polietileno de alta densidade, material mais resistente a rompimentos. A economia gerada pelo sistema foi estimada em R$ 1,5 milhão.

Primeira cidade a receber o projeto
Campinas foi escolhida como primeira cidade do mundo a receber a parceria entre a Amanco Wavin e Microsoft. A fabricante de tubos é responsável pela plataforma Water Network Management (WNM), que integra dados em tempo real por meio de uma tecnologia voltada à gestão de redes de água e esgoto.

“É o início de uma jornada, estamos complementando um ano. A gente vislumbra o progresso dessa economia ao longo de 10 anos. A gente economizou 370 mil metros cúbicos de água durante esse ano e tem um objetivo de atingir até 18 milhões de mil metros cúbicos ao longo de 10 anos. Então é uma jornada. A cada momento que você tem um progresso fica um pouco mais difícil de você conseguir, então os objetivos foram alcançados de uma forma muito satisfatória nesse primeiro ano, e agora há muitos anos para frente”, destacou Sérgio Costa, Presidente da Amanco/Wavin no Brasil.

Outras cidades também podem receber
A empresa afirma estar disponível para levar o sistema a outros municípios da região e do país. O sistema funciona de forma contínua, 24 horas por dia, a partir de uma Central de Gerenciamento que monitora os indicadores e orienta as equipes de campo.

Custos
Segundo a Sanasa, todos os custos do projeto são cobertos pela Microsoft, o que garante à Sanasa dez anos de monitoramento sem encargos adicionais.

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