Sete menores, com idades entre 11 e 17 anos, já teriam sido identificados como supostas vítimas de crimes sexuais imputados ao padre Pedro Leandro Ricardo nas cidades de Araras e Americana, entre os anos de 2008 e 2015.
A denúncia é da advogada Talitha Camargo da Fonseca, que representa as supostas vítimas.
Todos os menores apontados pela advogada – cujas identidades são mantidas em sigilo – teriam sido submetidos a contato físico com o religioso, que foi afastado de suas funções na Basílica de Americana desde janeiro, quando eclodiu o escândalo que vem abalando os alicerces da Igreja Católica na região. O padre nega, mas não fala com a Imprensa.
Ontem, os pais de um menor, que teria sido assediado sexualmente em 2015 em Americana, prestaram depoimento no âmbito da investigação instaurada pela Igreja para apurar as denúncias contra o religioso.
Outras três testemunhas – dois homens e uma mulher – que seriam vítimas de suposta perseguição do padre também foram ouvidas. Os denunciantes falaram a portas fechadas na Paróquia São João Bosco, na Vila Santa Catarina, em Americana.
Os depoimentos das presumidas vítimas de assédio sexual foram concluídos, segundo a advogada Talitha Camargo da Fonseca, que representa 15 supostas vítimas de abusos e assédios.
Além das denúncias de cunho sexual, Padre Leandro também é investigado pela Polícia Civil, juntamente com o bispo da Diocese de Limeira, Dom Vilson Dias de Oliveira, acusados de apropriação indébita de recursos da Igreja.
O bispo também teria acobertado os crimes do padre. Ambos negam. As investigações no âmbito da Polícia Civil correm em segredo de Justiça nos municípios de Limeira, Araras e Americana.
DEPOIMENTOS
O TODODIA apurou que os depoimentos dos pais do menor duraram quase duas horas e meia.
Já os demais foram ouvidos por cerca de uma hora. Nenhum deles quis falar com a Imprensa após as audiências.
De acordo com a advogada, o “modus operandi” do padre Leandro seria sempre o mesmo.
“O abusador tem que ter confiança da vítima. Para ter confiança, ele precisa ter proximidade. No caso, o padre tinha proximidade com a comunidade dele, pessoas de 11 a 17 anos que eram acólitos (coroinhas)”, declarou.
Segundo ela, o padre se aproximava dos menores como uma figura paterna e, às vezes, como amigo. “(Ele) Tentava ser o melhor amigo, substituía o pai”, acusa.
Quando não aceitavam as investidas e rejeitavam os avanços do padre, os jovens eram supostamente segregados, segundo a advogada. “Sempre ocorre a negativa deles (vítimas), que são expulsos ou processados. Ou seja, além de sofrer a violação da dignidade sexual, ainda sofrem a violação como pessoa. Do tipo assim: você não é mais bem quisto na minha igreja”, afirmou a advogada.
Nem todas as vítimas de crimes sexuais foram chamadas a depor pela Polícia, segundo a advogada.
Na manhã de ontem, quatro vítimas de abuso sexual foram ouvidas na investigação religiosa promovida em Araras.
Já na noite de ontem, outros três depoimentos de testemunhas e vítimas de perseguição foram agendados pela igreja em Leme.
“Por onde ele passou, tem vítima e é isso que a gente vai tentar provar, tanto na Justiça canônica (da igreja) quanto na Justiça comum, para que ele seja processado”.