sexta-feira, 19 abril 2024

Defesa quer anular denúncia do MP contra o padre Pedro Leandro

A defesa do padre Pedro Leandro Ricardo anunciou nesta quarta-feira (18) que vai recorrer a tribunais superiores para tentar anular a denúncia oferecida contra o religioso pelo MP (Ministério Público) de Limeira. A Promotoria pediu à Justiça de Araras que torne o pároco réu por quatro casos de “atentado violento ao pudor”, que teriam sido cometidos por ele, entre 2002 e 2006, contra uma criança e três adolescentes daquela cidade, quando era padre lá. 

“A denúncia é uma aberração. Vamos utilizar de todos os meios jurídicos possíveis, não só no processo, mas em tribunais superiores, para anular essa denúncia”, declarou o advogado Paulo Henrique de Moraes Sarmento. 

O caso começou a ser investigado no início deste ano, após um dossiê elaborado por moradores da região chegar ao Ministério Público. Foram abertos inquéritos policiais em Americana – focado em supostas fraudes administrativas na gestão da Basílica de Santo Antônio de Pádua, em Americana, de onde o padre Leandro foi afastado do cargo de reitor -, além de Araras e Limeira. 

Até o momento só a investigação iniciada na segunda cidade foi concluída com apresentação, pelo MP, de denúncia ou pedido de arquivamento. 

O TODODIA apurou que o juiz Rafael Pavan de Moraes Filgueira, da 1ª Vara Criminal de Araras, ainda não decidiu se aceita ou não a acusação do MP. Só a partir dessa decisão é que o processo penal tem início, com a apresentação defesa prévia pelo acusado e a designação de audiências para o depoimento de testemunhas. 

De acordo com denúncia do MP, assinada pelo promotor Luiz Alberto Segalla Bevilacqua, Leandro supostamente utilizava a autoridade religiosa para atrair menores e molestá-los. As abordagens teriam ocorrido na casa paroquial da Igreja São Francisco de Assis, de onde ele foi pároco, e no carro do padre. Quando as vítimas reagiam às tentativas de abuso, ele oferecia dinheiro e presentes ou as afastava da igreja. O padre, que está recluso e não fala com a imprensa, se diz inocente. 

ADVOGADA DE ACUSAÇÃO ANALISA DECISÃO  

A advogada Talitha Camargo da Fonseca, de Americana, que representa as supostas vítimas, classificou como “histórica” a decisão do MP de oferecer denúncia contra o padre, mas citou casos que ficaram de fora da acusação. “Sabemos que há mais casos em Araras que o promotor entendeu que não deveria denunciar. Nosso papel é entender o porquê do não e buscar o sim”, afirmou ela ontem. 

Em Americana, segundo ela, a expectativa é de que a abertura da ação penal encoraje outras vítimas a denunciar. Ela comemorou, ainda, a decisão do Papa Francisco, anunciada na última terça-feira, de revogar o sigilo canônico nos procedimentos da Igreja Católica que investigam crimes sexuais. 

“É claro que não vai se divulgar tudo, porque há o direito Constitucional do acusado à ampla defesa, mas torna possível o compartilhamento dessas informações com a polícia, o que é muito importante”, completou. 

Por Walter Duarte

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