A delegada Seccional de Americana, Martha Rocha de Castro, prometeu acelerar as investigações sobre as denúncias de apropriação indébita de recursos da igreja, contra o bispo da Diocese de Limeira, Dom Vilson Dias de Oliveira, e o padre Pedro Leandro Ricardo, afastado em janeiro de suas funções na Basílica Santo Antônio de Pádua, de Americana.
O delegado José Luiz Joveli, responsável pela apuração do inquérito aberto pela Polícia Civil em janeiro, está ouvindo possíveis testemunhas de acusação e de defesa, de acordo com a delegada, que quer concluir a investigação no menor tempo possível.
“Eu pretendo (agilizar), até falei com o Dr. Joveli para que a gente acelere. Ele está ouvindo as pessoas, testemunhas, para que o mais rápido possível isso seja remetido ao Fórum”, declarou a delegada, após participar da sessão da Câmara de Vereadores, onde foi prestigiar o delegado Antonio Olim (PP), deputado estadual que esteve no Legislativo.
A investigação segue em segredo de justiça.
DENÚNCIAS
Dom Vilson é investigado pela Polícia Civil por apropriação indébita de recursos da igreja.
Junto com o bispo, o padre também é suspeito do desvio de pelo menos R$ 1,2 milhão da igreja, com a suposta conivência do bispo Dom Vilson. Ambos negam, mas se recusam a atender a reportagem.
Contra o padre, especificamente, pesam ainda acusações por supostos crimes de assédio sexual contra menores de idade – que seriam acólitos (coroinhas) da igreja.
Dom Vilson teria sido informado sobre os crimes sexuais, mas não teria tomado providências.
As denúncias foram enviadas ao Vaticano em uma correspondência que partiu de Santa Bárbara d’Oeste no último dia 2 de janeiro. Os documentos foram entregues no endereço destinatário, na Itália, oito dias depois.
Um dossiê de 74 páginas também chegou, de forma anônima, ao gabinete da deputada estadual Leci Brandão (PCdoB), que os encaminhou à Procuradoria-Geral de Justiça do MP (Ministério Público).
A Polícia abriu inquéritos em Americana, Araras e Limeira, mas todos correm em segredo de Justiça.
ENVIADO DO VATICANO DEIXA LIMEIRA
O bispo de Lorena (SP), Dom João Inácio Müller, deixou ontem (21) pela manhã a Diocese de Limeira. Ele foi enviado pela Nunciatura Apostólica no Brasil (representante do Vaticano no País) para investigar as acusações na igreja, dialogar com Dom Vilson “e entender a situação”, como informou a Diocese.
Dom João saiu sem falar com ninguém, segundo a Diocese. O religioso não disse se voltará ou não à cidade, onde chegou na terça-feira.
Antes de partir, Dom João Müller colheu depoimentos de denunciantes e de testemunhas sobre outros supostos atos que teriam sido cometidos pelo padre, como abuso sexual, perseguição e ameaça.