quarta-feira, 24 abril 2024

‘Desafio da boneca Momo’: a mais nova ameaça virtual

Com o avanço crescente da globalização e de novas plataformas de acesso on line, o acesso à informação é hoje uma realidade em todas as classes sociais. O smartphone é uma das ferramentas mais populares. No entanto, navegar na internet pode se transformar, literalmente, numa bomba relógio, já que ela se transformou na principal porta de entrada de correntes que podem levar uma pessoa à morte, principalmente crianças e adolescentes, que têm se tornado reféns de desafios virtuais. A “bola da vez”, ou melhor, o desafio do momento, atende pelo nome de “Desafio da boneca Momo”, e pode ter causado pelo menos uma morte no Brasil: um garoto de 9 anos, do Recife, encontrado desacordado no quintal de sua casa, no último dia 15 de agosto. A polícia de Pernambuco ainda investiga outro caso com sinais de enforcamento de um garoto de 12 anos.
O problema não se restringe ao Brasil. Autoridades policiais de diferentes países têm alertado a população sobre os riscos dessa exposição on line. O fenômeno é viral e se estendeu para países como a Argentina, EUA, México, França, Alemanha e Espanha, levando inclusive a polícia espanhola a emitir alertas à população diante do perigo de participar deste jogo virtual. Na Argentina, no final de julho deste ano, uma menina de 12 anos cometeu suicídio. A polícia local investiga informações de que ela vinha recebendo ameaças pelo WhatsApp de um contato identificado como Momo.
No ano passado, o Brasil vivenciou uma situação parecida com o “Desafio da Baleia Azul”, que estimulava jovens e crianças a realizarem diferentes atos, caso contrário, suas famílias seriam atingidas. O pânico se instalou em muitas residências brasileiras levando até mesmo a autora Glória Perez a inserir emergencialmente uma cena de alerta em sua última trama das 21h, “A Força do Querer” (TV Globo).
Diferente das famosas “Correntes do Bem” que têm o único intuito de ajudar outras pessoas por meio de esforços coletivos, estes desafiios acabam se transformando num perigo muito grande, principalmente se os pais não ficarem alertas sobre o conteúdo que seus filhos estão acessando na rede.
No Brasil, o suicídio de um garoto de 9 anos, Arthur Luis Barros dos Santos, no Recife, acendeu o alerta em todo país. Santos foi encontrado desacordado pela mãe no quintal de sua casa, localizado na zona Oeste do Recife. O garoto estava preso a uma árvore e com um fio amarrado no pescoço. Depois do incidente, escolas particulares de vários estados se mobilizaram a avisar os pais sobre a nova ameaça.
Luzia (nome fictício) tem 17 anos. É estudante de uma escola de ensino estadual de Americana. Apesar de não ter recebido nenhuma mensagem destes desafios, afirmou que já soube de amigos que pesquisaram sobre o assunto por curiosidade, mas não avançaram. Luzia frisou que não se sentiu tentada a entrar em um destes perfis porque sempre foi orientada pelos pais sobre os perigos da internet, por isso, só acessa sites confiáveis, e mesmo assim, faz questão de manter uma vida social distante dos holofotes. “A minha vida privada diz respeito somente a mim e ao meu círculo social. Não gosto de escancarar cada passo que dou”, justificou.
ACOMPANHAMENTO
Na Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, segundo informações da assessoria de imprensa, até o momento, não foi registrado nenhum incidente do tipo. No entanto, a pasta informou que faz um trabalho contínuo com professores mediadores justamente para preparar e alertas sobre esse tipo de ação.
A PF (Polícia Federal) de Brasília, informou, por meio de nota que “a função primordial da PF é apurar crimes cometidos contra bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas de públicas (tais como o INSS, CEF e Correios)”. Ressaltou ainda que o fato de o crime ser cometido pela Internet não altera a sua atribuição investigativa. “Assim, como regra geral, os crimes praticados contra pessoas físicas comuns (estelionato, ameaça, extorsão, furto de dados etc.), são de atribuição Estadual, ainda que praticados pela internet ou por estrangeiro”.
Para o delegado de Americana, Robson Gonçalves de Oliveira, a internet provocou uma revolução positiva na vida das pessoas e trouxe uma série de benefícios. Por outro lado, quando má utilizada, pode causar consequências ruins e prejudicar muitas pessoas.
Com relação à exposição virtual de crianças e adolescentes, Oliveira frisou que os pais ou responsáveis precisam redobrar a atenção quando os filhos estiverem na internet. “Essa atividade precisa ser monitorada para evitar problemas futuros”.

 
Para psicólogo, diálogo franco e aberto ainda é o melhor caminho

O diálogo franco e aberto com os filhos é o melhor caminho para saber o que eles visualizam nas redes sociais. Existe ainda a alternativa de colocar filtros de acesso à internet e ficar de olho nos perfis e grupos curtidos pelas crianças e jovens.
Segundo o psicólogo Adangleiton Pereira, é necessário ficar atento aos fatores de risco que os adolescentes se expõem no campo virtual, principalmente porque a adolescência por si só já é uma fase turbulenta e intensa. “A busca por identificações nas quais amenizem certas angústias são saídas que precisam ser monitoradas pelos pais”.
Ele cita que os responsáveis diretos destas crianças e jovens precisam repensar seus papeis analisando que tipo de educação estão dando. “Estar presente é atuar junto, apesar das peculiaridades de cada um. Devem estar abertos a escutar, tolerando os questionamentos que eles nos fazem. Tudo isso passa pela análise de nossa própria juventude”, diz.
Pereira alerta ainda que muitos pais não se fazem presentes na vida de seus filhos e somente passam a vê-los depois de algum episódio dramático lhes despertar a atenção. “A todo instante tem que ser criada uma relação que permita a abertura para troca entre pais e filhos. Só assim, os próprios filhos reconhecerão e terão confiança para relatarem qualquer eventual problema ou fase turbulenta que estiverem passando”.
como funciona o desafio
O desafio teria começado em um grupo do Facebook que informava um número de telefone desconhecido para os participantes entrarem em contato.
Por meio desse número, entra-se em contato com uma pessoa que se identifica como “boneca Momo”, usando o avatar de uma criatura de cabelos lisos e olhos esbugalhados. Então, as crianças e os adolescentes são induzidos a passar informações pessoais e participarem de desafios de sufocamento e enforcamento. Ao medir o tempo que aguenta sem ar, a vítima pode morrer sufocada.
Momo é uma obra de arte japonesa que mistura a imagem de uma mulher com um pássaro. De acordo com informações da imprensa internacional, um caso semelhante ocorreu na Argentina, no final de julho deste ano, quando a polícia local iniciou uma investigação sobre o suicídio de uma menina de 12 anos que recebia ameaças pelo WhatsApp, de um contato identificado como Momo.
A ONG Safernet Brasil publicou um texto na Internet sobre o desafio do Momo explicando como ele funciona. Os usuários podem receber uma mensagem com pedido para iniciar uma conversa com um número desconhecido, que envia o convite com perguntas e desafios.
Se o usuário cair na armadilha e aceitar a solicitação de amizade, todos os seus dados ficarão para o administrador do perfil Momo. Em seguida, os golpistas podem buscar mais informações e ampliar as ameaças dizendo que sabem de detalhes das vítimas. Não há como precisar a origem destes golpes.
Os números de celulares que provocam as ameaças ou disseminam os convites mudam conforme o fenômeno circula entre os países e cidades.
Fonte: ONG SaferNet Brasil
riscos
* Dar acesso a informações pessoais;
* Receber conrteúdos impróprios ou violentos;
* Instalação de programas maliciosos para roubo de dados dou infecção de aparelhos;
* Ameaças de agressões e exposições on line e offline;
* Extorsão financeira e ameaças de morte;
* Provocações para desafios que podem gerar dano ou esrtimular autolesão.
COMO SE PROTEGER
* É fundamental orientar crianças e jovens a ter cuidado ao adicionar pessoas desconhecidas e orientá-las a bloquear contatos indesejados sem enviar nada;
* Caso tenha participado e avalie que sofreu ameaça à sua integridade física, financeira ou emocional, busque uma delegacia de Polícia Civil para registrar um boletim de ocorrência;
* Recomenda-se que pais e educadores alertem seus filhos para bloquear o suposto usuário Momo, e não iniciar conversa ou compartilhar informações com o perfil
Fonte: ONG SaferNet Brasil

 

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