sexta-feira, 19 abril 2024

Desejo de mudança move eleitores

O sonho de um País mais justo e igualitário foram as principais justificativas dadas ontem pelos eleitores americanenses. Na RMC (Região Metropolitana de Campinas), Americana é o terceiro colégio eleitoral (atrás apenas de Campinas e Sumaré) com 175.226 mil eleitores, e 56 locais de votação. Em quatro escolas visitadas pela reportagem pela manhã, não houve acúmulo de filas, e a votação foi rápida, com média de menos de um minuto para cada pessoa.

 

Com 102 anos, a alagoana Maria Eutrópia Ferraz Ferreira, é símbolo do brasileiro que não foge das lutas e que leva a sério o dever cívico por acreditar que esse seja o único caminho possível para mudanças. Apesar de não ser mais obrigada a votar – para eleitores com mais de 70 anos o voto é facultativo-, ela fez questão de garantir seu voto na eleição deste ano.

 

Há mais de 20 anos em Americana, dona Maria foi à escola Dom Bosco logo após o almoço, acompanhada dos netos Heloize Buoro Rabello e Roberto Ferreira Rabello. “Quando falamos que a levaríamos caso ela quisesse votar, ela não teve dúvidas em aceitar o convite”, disse Heloíze, que confessou também que estava com sua “colinha” de candidatos pronta.

 

Lúcida, bem-humorada e muito disposta, caminhou até a cabine de votação. “Meu candidato a presidente eu mesmo escolhi e outros candidatos assisti ao horário político para me ajudar a decidir”.

 

Esperança e civismo também foram palavras destacadas por outra eleitora assídua das urnas: Irmelinde Brechamar, 91 anos. Assim como dona Maria, nem mesmo a idade avançada e a limitação física – andava amparada por familiares e com muletas – a impediram de votar. Ela compareceu à Etec (Escola Técnica Estadual Polivalente) já com todos os candidatos escolhidos “Eu nunca deixei de votar, e esse ano não seria diferente. Sou patriota”, disse.

 

O estudante Danilo Charanola, 21, também mostrou entusiasmo em sua terceira votação. Ele disse que ao completar 16 anos tirou o título de eleitor por achar fundamental ter a opção de escolher nossos representantes. “Escolhi todos os meus candidatos após analisar as propostas de cada um deles. Já vim com todos eles na cabeça”.

 

O aposentado Gonçalo das Flores era o primeiro da fila na escola Jonas de Arruda Corrêa Filho, na Vila Mariana, na manhã de ontem. Ele disse ter chegado antes das 7h30- os portões foram abertos às 8h – porque sempre gostou de ser o primeiro da fila. “Isso já virou uma tradição. Eu acordo cedo e já corro para escola porque gosto de ver a movimentação nas ruas”.

 

Diferente de Gonçalo que não havia escolhido todos os candidatos, exceto o de presidente, a vendedora Josimeire Soares, 31, já chegou com todos os candidatos escolhidos. Ela disse que buscou se munir de todas as informações possíveis para fazer uma boa escolha que possa mudar os rumos do Brasil. “Votar é muito mais que uma obrigação. É o que vai determinar o nosso futuro nos próximos anos”.

 

MUDANÇA
Já a dona de casa Maria Lopes, 61, foi literalmente pega de surpresa, às 7h50, ao encontrar os portões da escola Ary Menegatto, no São Vito, fechados. Acompanhada do marido José Augusto Lopes, ela disse que não sabia que a escola não era mais uma zona eleitoral e que teria que buscar informações para saber onde teria que ir para votar. “Cheguei antes para não pegar filas e não adiantou nada porque a escola está fechada. Agora vou procurar outras escolas da região”, disse.

 

JUSTIFICATIVA
Morando em Americana há um mês, o pintor Uemerson da Costa, 23, disse que estava triste por não poder votar este ano porque acredita que a eleição é a única maneira de cobrar depois dos candidatos as propostas feitas durante a campanha. Costa se dirigiu até o setor de justificativa na Escola Estadual Dr. Heitor Penteado para justificar. “Se a pessoa não vota, ela não tem como cobrar depois”.

 

Apesar de estar impossibilitado de votar, já que seu colégio eleitoral fica na cidade de Água Doce (MA), Costa apontou que se caso pudesse votar já estaria com todos os seus candidatos escolhidos. “Muitos pensam que é importante votar apenas para presidente, mas essa eleição é muito valiosa porque também vai eleger governadores, deputados e senadores, e são eles também que ajudam na construção de um país melhor porque tem envolvimento com as leis”.

 

A reportagem também flagrou pessoas que estavam totalmente alienadas ao processo político. Um casal que caminhava em frente à escola Ary Menegatto, antes das 8h da manhã, e que carregava dois litros de bebida, disse que nem sabiam que era dia de eleição e que já estavam “cansados de tantas mentiras e corrupção”, e que por isso não iriam votar.
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