sexta-feira, 26 abril 2024

Embate entre PM e motoboy antes de tiros durou ‘minutos’

O embate entre o motoboy Rodrigo Borges e o policial militar de folga que o matou, a tiros, dentro da casa noturna The Farm, em Americana, na madrugada do último domingo, durou “bons minutos”, de acordo com informações da Polícia Civil.

Eles ficaram sozinhos discutindo na área de fumantes do bar até o momento dos disparos e sem a intervenção de seguranças do estabelecimento. O caso segue em investigação e a polícia não descarta fazer uma reconstituição dos fatos.

O policial militar confessou os disparos na manhã do domingo, prestou depoimento e foi liberado. A arma dele foi apreendida. Ele alega legítima defesa e afirma que a vítima teria tentado pegar a arma que estava em sua cintura e, por isso, efetuou os disparos.

Segundo o Corpo de Bombeiros, a vítima recebeu cinco tiros, mas o boletim de ocorrência do caso, ao qual a reportagem do TODODIA teve acesso, aponta que foram apreendidas sete cápsulas de munições deflagradas no local, o que aponta um número maior de disparos.

No boletim, é narrado o que foi visto pelo delegado de plantão, Robson Gonçalves, nas imagens do circuito interno de câmeras do bar.

Em um primeiro momento, o policial se envolve em uma briga com outro cliente do bar e ambos chegam a “se atracar” no chão. Segundo o BO, durante essa primeira briga, o policial não faz menção de sacar a arma para se defender e tenta, inclusive, evitar que o oponente tenha acesso à arma.

Após essa briga, o policial é deixado no “fumódromo” sozinho, e as portas são fechadas. Também segundo a Polícia Civil, as câmeras mostram Borges falando com três seguranças na entrada da área de fumantes e o trio acaba autorizando a entrada dele ao fumódromo. Segundo o BO, nesse momento, “há indícios” de que Borges sabia da primeira briga e que o homem que estava na área de fumantes era policial.

O boletim narra que, uma vez sozinhos, de acordo com as imagens, Borges começou a interpelar o policial, “como se tirasse satisfações”.

“Em seguida, ambos entram para debaixo do toldo, saindo assim do alcance da câmera, no que, passados alguns instantes, o toldo sofre um impacto e, por fim, superados alguns minutos, surgem dali clarões típicos de disparos de arma de fogo”, narra o registro da ocorrência.

Na sequência, também conforme as imagens relatadas no boletim, o policial tenta deixar a área de fumantes, mas não consegue, já que as portas haviam sido fechadas pelos seguranças.

No boletim, a Polícia Civil aponta que a perícia poderá determinar exatamente quanto tempo durou o “embate” entre os dois até o momento dos tiros, bem como analisar o comportamento deles no bar.

A reportagem do TODODIA questionou a SSP (Secretaria de Segurança Pública) se há data para tal reconstituição, se as imagens já foram periciadas e se o policial está afastado das funções, mas não houve resposta.

A reportagem também questionou o The Farm sobre os relatos envolvendo os seguranças contratados para atuar no local, mas também não houve retorno. Nas redes sociais, o bar divulgou programação de shows para ontem, hoje e amanhã.

Teste de drogas, só da vítima, aponta BO

O boletim de ocorrência da morte do motoboy Rodrigo Borges, que levou cinco tiros de um policial militar de folga dentro da casa noturna The Farm, em Americana, aponta que apenas a vítima foi submetida – já durante o exame necroscópico no IML (Instituto Médico Legal) – a exame toxicológico e de álcool, para verificar se ele havia consumido drogas e bebidas antes da briga no bar.

Segundo o registro do caso, após verificação das comandas dos três envolvidos – Rodrigo, o policial e o outro cliente que brigou com o policial – ficou constatado que todos haviam comprado bebidas alcoólicas no bar.

O teste para confirmar o consumo de álcool e a possibilidade de consumo de drogas, porém, só foi aplicado em Rodrigo.

“Como Rodrigo já possui antecedentes por envolvimento com drogas, foi requisitado junto ao IML (…) que fosse realizado o exame químico toxicológico e o exame de dosagem alcoólica”, traz o BO.

Também de acordo com a Polícia Civil, não foi solicitado exame de dosagem alcoólica no sangue e nem o toxicológico para o cliente e para o policial. No BO, é citado que nenhum dos dois possui antecedentes criminais e que “não há notícia de procedimentos investigativos internos na Polícia Militar” contra o autor dos disparos.

A reportagem do TODODIA questionou a SSP sobre o fato de os exames de álcool e drogas não terem sido aplicados a todos os envolvidos no caso, mas não houve resposta.

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