A Executiva Estadual do PSDB já traçou suas estratégias para a campanha política para a sucessão nas prefeituras, e definiu quais serão as linhas mestras do plano de governo de Americana.
Os tucanos deverão ter candidato próprio encabeçando a chapa a prefeito, e a legenda vai explorar o apoio do governo estadual para a execução de dois projetos essenciais: a criação de empregos a transformação da Represa de Salto Grande em um polo turístico gigantesco, financiado com a ajuda de recursos estrangeiros.
O projeto de governo tucano foi apresentado à reportagem do TODODIA pelo deputado federal Vanderlei Macris, que é vice-presidente estadual do partido, e tem a responsabilidade pessoal de articular candidaturas próprias e coligações na região de Campinas.
Para resgatar a arrecadação do Município e gerar trabalho, os tucanos adotam um plano de incentivo para a atração de empresas de alta tecnologia limpa, de alto valor agregado.
E, para alavancar de vez a revitalização da represa, o grupo conta com a parceria de um grupo de investidores chineses, que olham Salto Grande como cenário essencial para a instalação de um parque temático.
Confira os principais trechos da entrevista do deputado, durante visita à redação na semana.
TodoDia: Os tucanos já definiram qual vai ser a estratégia política para a sucessão no Executivo?
Vanderlei Macris: Teremos candidatos próprios, com um objetivo principal: gerar empregos e resgatar o potencial de arrecadação, que permita à prefeitura prestar serviços públicos de qualidade e investir no social. Vamos resgatar a autoestima do americanense.
Quem é o candidato tucano à prefeitura?
Temos três nomes. O meu, do meu filho Rafael (vereador) e do presidente do diretório local, o vice-prefeito Roger Willians.
E como o nome vai ser definido?
Cabe à Executiva Estadual. Temos o Rafael e o Roger como representantes do novo. Símbolos de renovação. E eu represento os interesses de um eleitorado cativo, que conhece as propostas do PSDB, que reconhece meu trabalho de quase cinco décadas no Legislativo. Tenho interesse em ser prefeito? Naturalmente, amo a minha cidade, seria uma realização pessoal. Mas o partido pode entender que é mais interessante, para a própria cidade, manter uma representatividade forte no Congresso Nacional. Qualquer decisão vai levar em consideração o que importa mais para a cidade.
Como os tucanos avaliam o governo Omar? Houve acertos? O que ainda precisa melhorar?
Omar fez um governo sério, preciso, que resgatou as finanças da cidade. Mas teve de fechar as torneiras, cortar investimentos. Como político experiente, tarimbado, ele não se preocupou com críticas. Ele fez o que era necessário. Agora, cabe ao sucessor ter um plano de desenvolvimento para a cidade, que resgate nossa capacidade de arrecadar e de investir. Omar deixa a cidade em ordem. Os tucanos querem agora implantar o plano de desenvolvimento.
E como desenvolver a cidade?
Gerar empregos. Teremos a parceria do governo estadual, com programas como o Investe SP e o Desenvolve SP. Políticas de investimentos que incentivam empreendimentos. E vamos nos esforçar para trazer para Americana as empresas tecnológicas, que são limpas, geram arrecadação, geram trabalho, geram renda. E gerar emprego é a melhor política social. As empresas tecnológicas não exigem investimento na compra de grandes áreas, por exemplo, e a cidade tem como receber os novos empreendimentos.
E os serviços essenciais, algum projeto em vista?
Veja a Saúde. Ao sair da prefeitura, o Omar vai deixar a cidade com uma estrutura impecável no setor. Novo PS, alas reformadas do hospital, postos de saúde eficientes nos bairros. Primeiro Mundo. E nós, da bancada legislativa, temos o maior orgulho de ter colaborado para aprimorar o setor. Conseguimos para a cidade recursos que ultrapassam a casa dos R$ 5 milhões. Ajudamos a financiar reformas, comprar equipamentos. Isso é o essencial. Não interessam os partidos. Vale investir na cidade. E vamos continuar implementando os projetos nos setores essenciais.
É nítido, pelas suas palavras, que os tucanos aprovam o governo Omar. Sabemos que o prefeito ainda espera uma decisão judicial para saber se pode ou não concorrer à reeleição. O PSDB, no caso, não tem interesse em conquistar o prefeito, trazê-lo para compor a chapa?
É claro. Estamos negociando sim. É certo que o PSDB terá o candidato encabeçando a chapa. Mas brigamos sim pelo apoio do Omar. Aliás, já existe o apoio mútuo. O prefeito contou com nossas emendas parlamentares, conta com o prestígio do governador. Parceria que dá certo não pode parar.
Falando em apoio do governador, a prefeitura sempre esperou, e ainda espera, ajuda do governo para revitalizar a Represa de Salto Grande. Afinal, a prefeitura não pode responder pela emissão de esgoto nas cidades à montante (acima). Precisa do Doria para pressionar as cidades que emitem os poluentes.
Não tenha a menor dúvida. O governador e o Ministério Público estão próximos, trabalhando para a revitalização da área. Mas o governo paulista tem planos muito maiores para a represa. Investidores chineses, que administram parques temáticos em todo o mundo, consideram a hipótese de instalar em Salto Grande um polo turístico gigante.
Eles viram potencial na represa?
O potencial da represa como um polo turístico é enorme. E a parceria estrangeira vai livrar a prefeitura de tantos gastos na recuperação da orla. Não existe sentido em investir nas obras, fazer calçadas e plantar gramas se a poluição da represa continua. Diante do quadro, o governo João Doria já arregaçou as mangas, as negociações com os investidores japoneses já começaram. A parceria certamente vai transformar a Represa de Salto Grande. Para muito melhor.
ROGER VÊ ‘REAPROXIMAÇÃO’
Apesar da festejada cooperação entre o Executivo e o Legislativo para a execução de obras e a prestação de serviços essenciais em Americana, o tucanato local optou por se afastar do governo municipal em outubro.
Na época, o vice-prefeito Roger Willians, que é presidente do diretório municipal do PSDB, se afastou do Paço e passou a prestar serviços ao partido, dentro da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Apesar disso, ter sido interpretado como uma rusga, um racha entre Omar e Roger, o tucano insiste em explicar que posturas políticas não impedem uma nova aproximação entre os partidos.
De acordo com Roger, os tucanos optaram pela independência política na análise dos atos que eram afiliados pela Câmara Municipal, por exemplo. “Votamos a favor do Omar quando considerávamos a postura dele interessante para a cidade. Mas quando discordamos, mantivemos nossas posturas”, disse.