domingo, 3 agosto 2025
EDUCAÇÃO

Escolas municipais de Americana adotam modelo de ensino em tempo integral

Proposta busca oferecer uma formação mais ampla
Por
Diego Rodrigues

A cidade de Americana deu mais um passo significativo na área da educação com a adoção do modelo de ensino em tempo integral na rede municipal.

A proposta, segundo a Secretaria de Educação, vai além da ampliação da carga horária dos alunos e busca oferecer uma formação mais ampla, com foco em qualidade, acolhimento e desenvolvimento humano.

“Entendemos que a educação integral não é apenas o tempo de permanência na escola, mas sim o que se faz com esse tempo. Nosso objetivo é oferecer experiências que ultrapassem o conteúdo tradicional, com atividades culturais, esportivas, artísticas e complementares”, afirmou o secretário de Educação de Americana, em entrevista à TV TODODIA.

Alunos da EMEF Prof. Jonas Corrêa de Arruda Filho. Foto: Raul Rodrigues/TV TODODIA

Formação ampliada e valorização dos profissionais

A iniciativa está alinhada com as diretrizes estaduais e federais e já começou a ser implementada em diferentes etapas da educação básica. Duas pré-escolas tiveram a carga horária ampliada este ano, e mais de 90% das creches da cidade já funcionam em período integral. O município também mantém convênio com a Unicamp para formação dos profissionais da educação infantil e conta com um sistema estruturado de ensino fundamental, que inclui capacitação contínua dos docentes.

A coordenadora pedagógica Cláudia Pressoto, que atua há anos na educação básica e tem formação em psicopedagogia e psicanálise, avalia positivamente a iniciativa. “O ensino em tempo integral favorece o desenvolvimento integral dos estudantes e também contribui para a inserção das mulheres no mercado de trabalho, especialmente mães solo, que muitas vezes não têm com quem deixar os filhos em horário estendido”, destacou.

Mais que tempo: qualidade na permanência

Cláudia reforça, no entanto, que o sucesso do modelo depende de mais do que tempo na escola. “É essencial que as atividades oferecidas incluam momentos lúdicos, esportivos, culturais e de socialização, além do desenvolvimento da autonomia dos alunos, respeitando as diferentes faixas etárias. Também é fundamental garantir acolhimento, estrutura adequada e equipes bem preparadas”, afirmou.

A proposta está sendo debatida com a comunidade escolar e com os profissionais da rede. Durante a 33ª Semana da Educação, temas como o papel da escola na sociedade atual foram discutidos. “Ontem tivemos uma palestra do professor Leandro Karnal sobre o verdadeiro sentido da educação hoje. Estamos construindo essa mudança com reflexão e escuta”, comentou o secretário.

Desafios e percepções da comunidade

Entre os desafios enfrentados, o gestor destacou o impacto das tecnologias nas relações sociais e no ambiente escolar. “Estamos lidando com uma nova realidade: o uso de telas, a inteligência artificial e as mudanças nas formas de interação. Precisamos interpretar esse mundo e adaptar a escola sem negar essas transformações”, pontuou.

Para Cláudia, o envolvimento da sociedade civil é crucial. “A proposta só será eficaz com acompanhamento contínuo, participação da comunidade e ajustes ao longo do tempo. A educação integral tem um enorme potencial, mas precisa ser construída com todos os atores envolvidos”, concluiu.

“Eu acho uma coisa maravilhosa, escola em tempo integral, principalmente para mães que trabalham e não possuem uma rede de apoio, não têm com quem deixar os filhos”, destaca a cozinheira Maria Chicone. Ela ainda elogiou a alimentação oferecida aos alunos durante o período escolar.

Já o autônomo Rogério Bruno tirou seu filho do período integral. Para ele, nove horas é muito tempo para uma criança passar todos os dias na escola. “Eu via meu filho há pouco tempo nesse esquema, não me adaptei”, pontuou Rogério.

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