quinta-feira, 4 setembro 2025
TEMPO SECO

Estiagem afeta a natureza, agrava a saúde e acende alerta sobre risco de queimadas na região

A ausência de chuvas se prolonga e as consequências já são visíveis tanto na natureza quanto na saúde da população
Por
Andressa Oliveira

A vegetação amarelada, a poeira no ar e o céu limpo há dias indicam uma realidade já bem conhecida nesta época do ano: a estiagem. Mas, em 2025, o cenário se intensificou. A ausência de chuvas se prolonga e as consequências já são visíveis tanto na natureza quanto na saúde da população.

De acordo com o meteorologista Bruno Bayonne, do Cepagri da Unicamp, os meses de agosto e setembro têm sido especialmente críticos. “Estamos observando um panorama geral de chuvas abaixo da média para esse período. Essa situação já vem se desenhando desde os últimos meses”, afirmou.

A estiagem prolongada também afeta diretamente o meio ambiente. Foto:Reprodução/TV TodoDia

Com o ar seco, há um aumento significativo nos casos de gripes, alergias e problemas respiratórios. Além disso, cresce o risco de incêndios em matas e terrenos baldios. “O que vem acontecendo é uma sequência de períodos sem chuva, com temperaturas elevadas, o que agrava ainda mais a situação. Esse tempo seco acelera a evaporação da umidade”, completou Bruno.

 Biodiversidade sob pressão

A estiagem prolongada também afeta diretamente o meio ambiente. “Nesse período entre agosto e setembro, é comum uma redução natural das chuvas. Mas o que temos visto é uma intensificação do fenômeno. Isso afeta diretamente a nossa biodiversidade, deixando florestas e matas mais vulneráveis a incêndios”, alertou o meteorologista.

Segundo ele, as frentes frias que poderiam trazer alívio muitas vezes perdem força ao chegar à região de Campinas, desviando para o oceano. Além disso, massas de ar seco têm atuado com força, impedindo o desenvolvimento de nuvens carregadas.

De acordo com o meteorologista Bruno Bayonne, do Cepagri da Unicamp, os meses de agosto e setembro têm sido especialmente críticos. Foto:Reprodução/TV TodoDia

Iniciativas do setor privado

Além do poder público, empresas também têm atuado na prevenção e combate a incêndios. A Suzano, uma das maiores empresas de papel e celulose do mundo, mantém uma operação dedicada à proteção florestal.

Rodrigo Pimentel, coordenador de inteligência patrimonial da Suzano, destaca o papel da tecnologia na prevenção. “Contamos com uma estrutura robusta que inclui torres de monitoramento com inteligência artificial, drones com câmeras térmicas e uma equipe altamente treinada. Tudo isso para atuar 24 horas por dia, dentro e fora das nossas áreas florestais.”

A empresa também investe em ações educativas junto às comunidades. “Muitos incêndios têm origem em ações humanas, como queimar lixo ou limpar terrenos com fogo. Isso, além de ilegal, é extremamente perigoso. Por isso, reforçamos: fogo e floresta não combinam.”

A Suzano disponibiliza um canal gratuito para denúncias e informações: 0800-203-0000, que também funciona via WhatsApp.

 Defesa Civil reforça orientações

Na cidade de Americana, a Defesa Civil acompanha de perto os impactos da estiagem, “Estamos alertando a população para que economize água, evite queimadas e tenha atenção redobrada. A seca está muito forte”, disse Miletta, coordenador da Defesa Civil local.

Segundo ele, mesmo pequenos focos de fogo , como bitucas de cigarro ou faíscas geradas por cortadores de grama , podem se transformar em grandes incêndios,“A vegetação está tão seca que uma faísca pode ser suficiente. É preciso responsabilidade, porque torrar lixo ou queimar mato é crime ambiental”, enfatizou.

Miletta também falou sobre os efeitos na saúde: “O ar tá muito seco. Recomendamos que as pessoas usem vasilhas com água em casa, evitem exercícios ao ar livre nos horários mais secos e bebam bastante líquido”.

Na cidade de Americana, a Defesa Civil acompanha de perto os impactos da estiagem.Foto:Reprodução/TV TodoDia Alessandro Araujo

 Água: consumo consciente é fundamental

Apesar de ainda não haver risco imediato de desabastecimento, o uso consciente da água é essencial neste momento, “A prefeitura sempre tem um plano de contingência, mas é fundamental que todos colaborem. Evitar lavar calçadas com mangueira já faz diferença”, reforçou a Defesa Civil.

Os reservatórios seguem monitorados pelo DAE (Departamento de Água e Esgoto), mas o alerta está ligado. A estiagem, combinada com o aumento do consumo e o desperdício, pode levar a medidas mais drásticas nas próximas semanas.

 Mudanças climáticas e estiagens mais severas

Embora a seca seja uma condição recorrente em muitas regiões do Brasil, ela tem se tornado mais intensa e imprevisível por conta das mudanças climáticas. Estudos apontam que o período de chuvas tem começado mais tarde e durado menos,“A estação chuvosa, que antes se iniciava entre setembro e outubro, tem se concentrado mais para o fim do ano. Estamos com um déficit de chuvas acumulado desde o início de 2025, com exceção de abril”, explicou Bruno Bayonne.

Prevenção é a melhor saída

Com reservatórios em queda, vegetação ressecada e ar seco, o momento exige atenção. Evitar queimadas, reduzir o uso de água e cuidar da saúde respiratória são atitudes urgentes,“Quando alguém ateia fogo em lixo ou mato e vira as costas, não vê que pode estar iniciando uma tragédia. Queimada é crime. E também é um risco à saúde pública”, concluiu Miletta.

ORIENTAÇÕES IMPORTANTES

Evite o uso de mangueiras para lavar calçadas e quintais;

Mantenha-se hidratado e use umidificadores ou toalhas molhadas no ambiente;

Não faça queimadas de nenhum tipo — lixo, mato, entulho;

Denuncie focos de incêndio ou atividades suspeitas pelo 153;

Atenção redobrada com crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios.

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