domingo, 7 dezembro 2025
BALANÇA COMERCIAL

Exportações da região de Campinas resistem a ‘tarifaço’ e crescem 9% em outubro, mas indústria está pessimista para 2026

Estados Unidos se mantêm como principal parceiro comercial, minimizando temores tarifários, enquanto Polo Petroquímico de Paulínia impulsiona compras externas de insumos
Por
Guilherme Pierangeli

A região de Campinas registrou um desempenho resiliente no comércio exterior em outubro de 2025. As exportações alcançaram US$ 354,9 milhões, um crescimento de 9,18% em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo dados do Ciesp Campinas (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

Indústria da região exportou mais em outubro, mas empresas tem perspectiva negativa para 2026. Foto: Firmino Piton/PMC

Os dados indicam que o impacto do chamado “tarifaço” foi menor do que o esperado pelo mercado, uma vez que os Estados Unidos seguem consolidados como o principal destino dos produtos da região

Top Parceiros Comerciais (Acumulado 2025)

Destino (Exportação) Participação Origem (Importação) Participação
🇺🇸 Estados Unidos 18,76% 🇨🇳 China 28,33%
🇦🇷 Argentina 14,18% 🇺🇸 Estados Unidos 16,16%
🇳🇱 Países Baixos 5,63% 🇮🇳 Índia 7,85%


Resiliência nas exportações e fator EUA
No acumulado de 2025, as exportações da região somam US$ 3,01 bilhões, uma alta de 3,14%. A liderança absoluta dos Estados Unidos na pauta exportadora demonstra a força dessa parceria comercial, dissipando parte dos receios sobre barreiras tarifárias. O país norte-americano absorveu US$ 564,7 milhões em produtos da região no acumulado do ano, representando 18,76% do total exportado.

Campinas liderou o ranking de exportações em outubro (US$ 115,3 milhões) , seguida por Paulínia (US$ 89,2 milhões).

Déficit continua
Apesar do saldo positivo nas vendas, a balança comercial regional continua deficitária, uma característica considerada normal devido à natureza da indústria local. O déficit acumulado no ano atingiu US$ 9,23 bilhões, impulsionado pela necessidade de importação de maquinários e insumos químicos, fundamentais para a cadeia produtiva de polos como o de Paulínia.

Balança Comercial Regional (Acumulado 2025)

Indicador Valor (US$) Variação (vs. 2024)
Exportações 3,01 Bilhões ▲ 3,14%
Importações 12,24 Bilhões ▲ 17,52%
Saldo (Déficit) -9,23 Bilhões ▲ 23,11%


Déficit comercial reflete perfil industrial e Polo de Paulínia
As importações cresceram em ritmo acelerado, totalizando US$ 12,24 bilhões no ano — um aumento de 17,52%. Especialistas apontam que esse volume superior de compras externas não reflete necessariamente uma fraqueza econômica, mas sim o caráter transformador da indústria regional.

O destaque é o município de Paulínia, sede de um importante polo petroquímico, que responde isoladamente por 44% de todas as importações da região (US$ 5,38 bilhões no acumulado). A pauta de importação regional é dominada por “produtos químicos orgânicos” e “produtos diversos das indústrias químicas”, que juntos somam mais de US$ 5,5 bilhões em compras. Esses insumos, juntamente com maquinários, são essenciais para a produção de combustíveis e derivados que abastecem tanto o mercado nacional quanto o internacional.


Indústria em alerta para 2026
Enquanto o comércio exterior mostra dinamismo, a porta das fábricas revela cautela. A Sondagem Industrial de novembro e dezembro realizada pelo Ciesp Campinas junto às indústrias mostra que 58% dos empresários projetam uma piora na economia brasileira em 2026.

A produção permaneceu estável para 50% das empresas, mas o aumento nos custos de energia, água e transporte, sentido por 46% dos industriais, pressiona as margens. Como reflexo, 42% das indústrias afirmam que não farão novos investimentos nos próximos 12 meses, aguardando um cenário de crédito mais favorável, considerado “fundamental e obrigatório” por metade dos entrevistados para a retomada do crescimento.

Custos de Produção (Nov-Dez 2025)

Tipo de Custo Aumentaram Estáveis Diminuíram
Energia, Água e Transp. 46% 54% 0%
Custos Trabalhistas 46% 54% 0%
Matérias-Primas 38% 62% 0%
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