
A Polícia Civil de Campinas concedeu uma entrevista coletiva nesta segunda-feira (5) com mais detalhes sobre a operação Fake Smoke, realizada na última quarta-feira (30), que teve como foco um grupo que atua na fabricação e comercialização clandestina de cigarros, com estrutura em Americana e Amparo. Na ocasião, 25 pessoas foram presas, mas todos os detidos foram liberados pela Justiça após audiência de custódia, na última quinta-feira (1).
Segundo a Polícia Civil, a investigação começou após a prisão em flagrante de um homem em Jaguariúna, em outubro de 2024. Na ocasião, ele estava com cigarros contrabandeados do Paraguai. O mesmo homem está entre os 25 que foram detidos na última quarta-feira. “Certamente, naquela oportunidade de outubro, conseguimos identificar e desmantelar apenas um dos locais que eram utilizados para a estocagem. Eles certamente devem ter alterado esse local, mas continuaram com toda a cadeia produtiva”, explica Luiz Fernando Oliveira, delegado assistente da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Campinas.
Com o avanço das apurações, cinco endereços suspeitos de ligação com o grupo criminoso foram identificados nas cidades de Amparo e Americana. Nos dois barracões vistoriados em Amparo, os policiais localizaram aproximadamente 22 toneladas de fumo, além de prensa, embalagens de cigarro de marcas paraguaias e veículos utilizados para transporte. Quatro pessoas foram presas no local.
Americana
Já em Americana, uma fábrica clandestina operava com estrutura completa para a produção dos cigarros. Foram apreendidas seis toneladas de fumo, cerca de 6 mil caixas de papelão, 59 caixas com produtos prontos para comercialização e quatro máquinas industriais. No local, 21 suspeitos foram presos, sendo 18 deles de origem paraguaia.
Segundo a Polícia, o grupo não mantinha grandes estoques de cigarros já prontos, justamente para evitar a perda de grandes valores em caso de apreensões. No entanto, armazenava uma boa quantidade de matéria-prima. “Esse armazenamento que ficava na fábrica é basicamente o que eles utilizavam para aquela produção imediata. Tanto que havia 9 mil maços já produzidos, que seriam embarcados em um dos caminhões que foi localizado. Então, existe uma rotatividade muito grande, e a matéria-prima fica na fábrica”, explica o delegado da DIG-Campinas, Marcel Fehr.
Cigarros paraguaios
O grupo trabalhava com a falsificação de marcas paraguaias de cigarro, cuja comercialização é proibida no Brasil. “O cigarro contrabandeado do Paraguai tem altíssima aceitação no mercado brasileiro. Você pode se deparar, em qualquer bar ou comércio, com aqueles maços de cigarro de comercialização proibida, mas têm alta aceitação no mercado nacional. Por isso, eles optam por falsificar um cigarro que originalmente é produto de contrabando. E também não existe a possibilidade de que as fabricantes nacionais ingressem com ações quando se identifica uma fábrica. Então, por exemplo, a Souza Cruz ou a Philip Morris — se houvesse a falsificação de cigarros que elas produzem — certamente, além da parte criminal, essas empresas e os indivíduos envolvidos sofreriam sanções cíveis, o que dificulta muito a situação para as empresas do Paraguai”, relata Oliveira.
A Polícia Civil acredita que há mais pessoas envolvidas no esquema, e as investigações continuam para apurar, inclusive, quem são os líderes do grupo.