Em um tempo em que tudo parece industrializado e artificial, ainda existem lugares onde o artesanal molda cada detalhe do que é produzido. Esse é o caso da Sucril, empresa piracicabana que há quase 90 anos se dedica à fabricação de pirulitos que tem no artesanal o diferencial competitivo.
A fábrica, familiar desde suas origens, foi fundada pelo avô, passou para o pai e hoje é comandada pelo neto, Alberto Piazza Neto. Desde 1968, dedica-se exclusivamente à produção desses doces, feitos com açúcar e glucose de milho, e um ingrediente que nenhuma máquina pode replicar: o cuidado humano.

Ao entrar na empresa, é impossível não ser tomado pelo aroma adocicado do açúcar caramelizado. O ambiente mistura o calor da caldeira ao colorido vibrante dos pirulitos em formação. O brilho das cores em movimento e o cheiro que remete à infância criam uma experiência sensorial completa.
Quem acompanha a produção de perto é o Adilson dos Santos, funcionário que está na empresa há quase 30 anos. Ele conhece cada etapa do processo: do derretimento do açúcar à formação dos espirais, passando pela montagem com o palito e a embalagem.
“Sou muito grato à empresa, aqui eu pude cuidar da minha família e me tornar o homem que sou”, enfatizou com orgulho.
Durante a visita, a Ane Ferreira, de 6 anos, teve a oportunidade de vivenciar essa experiência, ela acompanhou todas as etapas da produção e até fez seu próprio pirulito.
“Parece slime!”, disse sorrindo ao ver a massa colorida sendo moldada. E não era só aparência: a textura, o calor nas mãos e o cheiro doce formaram uma lembrança que, com certeza, vai ficar em sua memória.
Embora a fábrica não tenha o foco turístico, visitas podem ser agendadas e valem a pena. O atual proprietário, Neto, destaca que o diferencial competitivo é justamente a produção artesanal. “O pirulito artesanal tem a cor mais viva, conseguimos chegar em cores diferentes, não mela e tem um sabor mais intenso. É um produto que respeita o tempo e a tradição”, comentou.
Essa atenção aos detalhes fez com que a empresa pudesse desenvolver pirulitos personalizados para grandes marcas, como uma joalheria internacional, que exigia uma cor única, criada exclusivamente para a campanha. “Só conseguimos isso por ser artesanal. Tem alma, tem história”, completa Neto.
Para as crianças que só conhecem doces embalados nas prateleiras dos mercados, visitar a fábrica é uma oportunidade de entender como as coisas são feitas, com ingredientes simples, mas com uma dedicação que atravessa gerações.
Neste mês de férias escolares, vale abrir espaço para as experiências que envolvem olhar, cheiro, toque e sabor. E, mais do que tudo, mostram que tradição e afeto ainda são fundamentais.