O ritmo de fechamento de empresas na RMC (Região Metropolitana de Campinas) de janeiro a outubro deste ano, em plena época de pandemia do novo coronavírus, foi menor do que em relação aos dez primeiros meses do ano passado. Houve uma retração de 30,18% no número de encerramento de estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços, indústrias e microempreendedores individuais neste ano em comparação a 2019. Neste ano, houve encerramento de 7.672 firmas ante 10.988 no ano passado.
Foi o que mostrou um levantamento feito pela Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo), que registra a abertura e fechamento de empresas. Em compensação, a abertura de empresas foi 7,22% menor em 2020 (11.278 empresas ativas) ante 2019 (12.155). A retração na criação de novas empresas já era esperada por causa dos impactos da pandemia.
Esse levantamento compartilhado pela Acic (Associação Comercial e Industrial de Campinas) mostra algumas peculiaridades, analisadas pelo economista da entidade, Laerte Martins.
A pandemia beneficiou o surgimento de novos tipos de atividades econômicas, como startups (empresas de tecnologia) e de delivery. “Muita gente migrou para o empreendedorismo, mas não fechou sua empresa”, contou Martins.
Os meses de março e abril deste ano, os primeiros da crise sanitária, foram aqueles que tiveram maior impacto na criação de empresas. A partir daí, os estabelecimentos começaram a usar a criatividade e a se reinventar, o que contribuiu para reduzir o fechamento das empresas, explicou o economista. O que aconteceu, disse Martins, é que o empresário adquiriu conhecimento sobre a pandemia e desenvolveu ações como alternativa para manter o negócio ativo. Isso mesmo com o fechamento parcial de parte dos estabelecimentos e com os protocolos sanitários rigorosos.
Martins citou o caso do aplicativo IFood, que reforçou a entrega e contratou mais empregados e a implantação de delivery pelos restaurantes, porque a pandemia gerou maior procura pela entrega de alimentos em casa.
Outros fatores foram preponderantes para a reação da economia regional. “Nossa região aqui é privilegiada na parte de tecnologia, inclusive nas atividades de produção, e isso traz o espírito mais empreendedor nas empresas”, mencionou o economista da Acic.
No período, as empresas mais impactadas e que fecharam as portas foram as pequenas e médias nos setores de vestuário, calçados, turismo e de bares e restaurantes. Em compensação, os setores de alimentação, especialmente supermercados, farmácias e drogarias e construção civil tiveram aumento da participação no mercado por causa da pandemia.
A vacinação em massa da população contra o novo coronavírus é essencial para aumentar o otimismo do empresariado para voltar a investir. “Agora, tudo se pauta na vacina. Isso dá certa confiança para que continue a evoluir e acaba ajudando a recuperação econômica”, avaliou Martins. Porém, isso não deve ocorrer a curto prazo.