
A tradicional Festa do Boi Falô será realizada nesta sexta-feira (18), das 10h às 16h, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas. O evento, que acontece na Rua Manoel Antunes Novo, 822, terá entrada gratuita e reunirá apresentações culturais, comidas típicas e a conhecida macarronada, símbolo da celebração. A iniciativa conta com apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campinas.
Tradição com raízes na oralidade popular
Criada em 1988 para marcar os 100 anos da Abolição da Escravidão no Brasil, a Festa do Boi Falô se baseia em uma lenda amplamente difundida na região. A narrativa mais popular envolve Toninho, um escravizado que, ao ser obrigado a trabalhar numa Sexta-feira Santa, teria sido alertado por um boi: “Hoje não é dia de trabalhar, hoje é dia de se guardar”. O relato teria comovido até o capataz da fazenda, que se converteu em rezador, enquanto Toninho ganhou prestígio e passou a viver na casa-grande. Ele foi enterrado ao lado do Barão Geraldo de Rezende, e seu túmulo ainda recebe visitas no Dia de Finados.
Outras versões e a preservação da memória
Há variações na história contada. Segundo membros da Comissão Pró-Memória de Barão Geraldo, outra versão localiza o episódio no Capão do Boi, bosque que existia na entrada do distrito e foi removido nos anos 1970. Nesta narrativa, um jovem — identificado ora como escravizado, ora como empregado — é enviado para buscar o gado e escuta de um dos bois que não se deveria trabalhar naquele dia, em respeito à Sexta-feira Santa. O capataz teria presenciado o fato e encerrado as atividades do dia.
Celebração cultural e comunitária
Mais do que relembrar uma lenda, a festa propõe uma reflexão sobre a religiosidade popular, a resistência histórica e a contribuição dos povos afro-brasileiros na formação da identidade de Campinas. A programação inclui atrações culturais voltadas à valorização da tradição oral e à integração da comunidade local.
A Festa do Boi Falô faz parte do calendário oficial da cidade e se firma como um momento de encontro entre história, fé e cultura. A comunidade é convidada a participar, conhecer o folclore regional e compartilhar da vivência coletiva que mantém vivas as raízes culturais da região.