O criador do projeto Natureza em Movimento, Rodrigo Ribeiro, conhecido na região por registrar em vídeo animais silvestres em seu habitat natural, teve equipamentos furtados nesta terça-feira (23), em Americana. O crime ocorreu em uma área de mata ciliar às margens do Rio Piracicaba, nas proximidades da Avenida Lírio Corrêa.
Segundo o boletim de ocorrência, seis câmeras de monitoramento ambiental do tipo “câmera trap” foram levadas do local. Os dispositivos eram utilizados no acompanhamento da fauna silvestre e estavam instalados em diferentes pontos da mata.
Checagem de rotina revelou o crime
O furto foi percebido durante uma vistoria de rotina realizada pelo ambientalista no início da manhã. Ao passar pelo primeiro ponto de instalação, Rodrigo constatou a ausência do equipamento e, ao verificar os demais locais, confirmou que outras cinco câmeras também haviam sido levadas.
De acordo com ele, as câmeras costumam permanecer cerca de uma semana em cada ponto e são reposicionadas periodicamente para ampliar o monitoramento da área. A frequência das visitas, segundo relatou, permitiu identificar rapidamente a ação criminosa.
Impacto no monitoramento da fauna
No total, foram levados mais da metade dos equipamentos utilizados no projeto. Das 11 câmeras disponíveis, restaram apenas quatro, sendo que as de melhor qualidade estavam entre as furtadas. O prejuízo afeta diretamente o acompanhamento de espécies silvestres da região, como onça-parda, jaguatirica, paca e cervo.
Rodrigo afirmou que os equipamentos têm papel fundamental na conscientização ambiental. “Essas câmeras têm suma importância, porque tudo era pensado na preservação e em mostrar para as pessoas os animais que existem aqui na região”, relatou.

Suspeita de relação com caça ilegal
O ambientalista também demonstrou preocupação com a possibilidade de o furto estar ligado à prática de caça ilegal. Ele afirmou que já encontrou armadilhas na área em outras ocasiões e que imagens registradas anteriormente mostram uma pessoa usando capacete no interior da mata.
Na avaliação dele, o crime vai além do prejuízo material. “Não é só um furto de câmeras, é uma tentativa de acabar com o trabalho ambiental e facilitar a caça e a destruição da natureza”, disse.
Crime ambiental e continuidade do projeto
A caça de animais silvestres é crime no Brasil, conforme a Lei de Crimes Ambientais e a Lei de Proteção à Fauna, com penas que podem chegar a um ano de detenção e multa, além de agravantes quando envolvem espécies raras ou ameaçadas de extinção.
Além do impacto financeiro, o furto compromete registros em andamento, como o acompanhamento de um cervo com filhote que vinha sendo monitorado. Mesmo diante das dificuldades, Rodrigo afirmou que pretende manter o projeto. “Mostrar que esses animais existem é plantar uma sementinha de preservação nas pessoas, porque ninguém preserva aquilo que não conhece. Eu gosto muito da natureza e não vou parar”, afirmou.





