O governo de São Paulo apresentou nesta sexta-feira (7) o projeto do BRT (sigla em inglês para sistema de transporte com ônibus rápidos) do ABC Paulista, que vai conectar o terminal São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, às estações Sacomã e Tamanduateí do metrô (linha 2-verde), na capital paulista.
O BRT é um sistema de ônibus que circula por corredores expressos e tem estações de embarque e desembarque rápido de passageiros, com cobrança de passagens fora do veículo. O governo João Doria (PSDB) prevê que os ônibus estejam em operação completa até 2023.
O sistema de ônibus expressos para a região foi proposto depois que o governo Doria desistiu, em 2019, do monotrilho que ligaria a região aos trilhos da capital, a linha 18-bronze.
Controverso, o modelo dos monotrilhos passou a ser mais questionado ainda depois da série de problemas da linha 15-prata, que circula na zona leste, e da linha 17-ouro, que deve ser entregue em 2022, com quase 10 anos de atraso.
No caso do monotrilho que iria para o ABC, pesou também na decisão o custo, de mais de R$ 6 bilhões, contra os R$ 859 milhões do BRT prometido agora.
“Aguardávamos recursos [federais] para uma obra de implantação cujos valores estavam subestimados, cujo processo de fabricação de sistema de trens estava falido. E, conforme nós passamos pela linha 17-ouro, [vemos] uma realidade que ninguém do ABC e de qualquer parte do Brasil teria o desejo de passar novamente”, diz o secretário de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, justificando o abandono do projeto do monotrilho.
O governo Doria afirma que o BRT terá capacidade para transportar 115 mil passageiros por dia. No entanto, no primeiro anúncio do projeto, em 2019, o governo falava em uma capacidade de 150 mil a 340 mil passageiros por dia.
O projeto prevê 82 ônibus elétricos, articulados, com 23 metros cada um. Eles vão circular por 18 quilômetros de via expressa, com 20 paradas e em três terminais.
A empresa Metra vai implantar a linha e explorar a concessão por 25 anos. Segundo o governo, a empresa terá que investir em todo o sistema de transporte da região, além do BRT, e entregará neste mês de maio 60 ônibus para as linhas de ônibus comum.
A empresa é a atual operadora do corredor ABD, importante meio de transporte na região. Em março, decreto publicado pelo governador João Doria estendeu o contrato por 25 anos e deu à companhia a construção e operação do BRT, além das linhas metropolitanas da EMTU da região, sem nova licitação.
Uma ação na Justiça questionou a ampliação do objeto do contrato, mas decisão do juiz Alexandre Marcos Laroca afirmou que não há comprovação de que houve “dano em potencial ao patrimônio público”.