Em entrevista ao TODODIA, o prefeito Zezé Gomes fala sobre os 33 anos de Hortolândia e destaca a transformação da cidade, antes considerada o “patinho feio” da região, em um modelo de sustentabilidade e eficiência. Hortolândia ganhou reconhecimento internacional por investimentos em mobilidade urbana, meio ambiente e educação.
O prefeito atribui esses avanços ao planejamento estratégico e adaptabilidade. Além disso, Zezé Gomes enfatiza o impacto do Plano de Incentivo ao Crescimento (PIC), com investimentos de R$ 260 milhões, na construção de escolas e unidades de saúde. A educação infantil também é um destaque, com a cidade zerando a fila de espera por vagas em creches, o que rendeu reconhecimento da Unesco.
Confira a entrevista a seguir.
TODODIA: Hoje conversamos com o prefeito de Hortolândia, Zezé Gomes. Muito obrigado por nos receber, prefeito, neste dia especial para falar desses 33 anos da cidade.
ZEZÉ GOMES: Muito obrigado pela oportunidade. Para mim, é um prazer imenso falar com vocês e com certeza levar a mensagem da nossa cidade nesses 33 anos, que não é fácil. A gente sabe da luta que tivemos aqui, a cidade de Hortolândia, aquele patinho feio da região metropolitana. E hoje, Hortolândia para o mundo. Graças a Deus, com muito reconhecimento do nosso trabalho, isso é fruto de tudo aquilo que a gente planejou e colocou em prática.
Hortolândia de fato virou um destaque nacional e internacional, justamente pelo investimento em meio ambiente, em desenvolvimento sustentável, eficiência energética, também educação e mobilidade urbana. Qual foi o alicerce, prefeito, para essas conquistas implantadas na cidade em tão pouco tempo?
Olha, o alicerce para tudo isso é o planejamento. E a gente também está sempre preparado para algumas mudanças de rota e tudo mais. No planejamento, a gente fez um na questão da mobilidade urbana muito grande, no qual eu estive em Barcelona, recebendo um reconhecimento. Foi um prêmio importante pela mobilidade urbana, e graças a Deus Hortolândia tinha 40 semáforos e hoje nós temos mais de 100. Hoje, nós temos as barreiras eletrônicas na cidade também. Eu digo que é uma cortina eletrônica, que fecha toda a entrada e saída da cidade. Uma central de monitoramento que é a segunda do Brasil. Então, isso dá mais segurança, também na questão viária. Hortolândia, hoje é vista como uma das cidades que têm muita segurança, porque implantamos todo esse sistema. E depois também eu estive em Washington, foi mais um reconhecimento pela arborização urbana. Por quê? Hortolândia criou o Cinturão Verde, criou os piscinões, que graças a Deus, as tragédias que a gente vê acontecer aí, principalmente essa última, agora do Rio Grande do Sul e outras mais, Hortolândia no passado foi vítima também das enchentes, e hoje isso acabou. E o último reconhecimento que nós tivemos foi também pela sustentabilidade, que foi em Curitiba, e Hortolândia foi a segunda cidade no país. Então pra gente isso é motivo de grande satisfação. E esse reconhecimento foi pela eficiência energética, que nós fizemos mais do que nós tínhamos planejado, até antecipando muitas coisas, porque essa discussão que a gente fala, ela está hoje na pauta em todos os lugares no mundo, que é a questão do meio ambiente, e a gente planejou muito bem essa questão.
E falando em meio ambiente, também na eficiência energética, Hortolândia tem hoje o primeiro prédio público 100% alimentado por energia solar, energia limpa, energia verde, só que também não é apenas isso, porque está gerando um benefício social. Comenta pra gente, prefeito, como foi que surgiu essa motivação de se fazer investimento em energia solar?
Eu vou primeiro pelo Paço, porque o Paço Municipal, pra gente, é a conquista da casa própria. Eu analiso assim, é como se eu, minha família, não tivesse uma casa própria e eu ficasse 33 anos pagando aluguel. Já imaginou isso? Então, eu falei, olha, chegou a hora, não dá mais, Hortolândia tem que ter a casa própria. Da mesma forma que eu proporciono moradia para o povo da cidade, Hortolândia também tem que ter a sua moradia. E esse Paço Municipal que a gente vinha naquele planejamento lá de trás, com o saudoso Ângelo Perugini, eu inovei um pouco mais, que daí eu já pensei na agenda 2030, eu pensei muito na questão ambiental, do momento que vivemos, e aí também coloquei a usina fotovoltaica, que é mais do que uma usina fotovoltaica, essa geração de energia limpa, é o ecossistema. Então, hoje a gente nota que os 200 prédios públicos da cidade serão abastecidos por estas usinas, e ainda, além disso, nós vamos também proporcionar aos veículos elétricos da cidade que possam abastecer por um ano gratuitamente, e os veículos escolares e os Uber, também vão poder, por dois anos abastecer gratuitamente na nossa cidade. Isso a gente está cada vez mais incentivando que as pessoas tenham carro elétrico, incentivando cada vez mais que as pessoas colaborem com o meio ambiente.
Hortolândia tem o PIC, Plano de Incentivo ao Crescimento, o senhor estava falando, já no início da nossa entrevista, sobre a necessidade de planejamento, de se planejar bem, de se olhar para o futuro, e nesta nova etapa do PIC, que o senhor retomou, tem previsão de investimentos de R$ 260 milhões. Que obras o Programa de Incentivo ao Crescimento prevê para a educação de Hortolândia?
Esse novo PIC traz uma infraestrutura muito grande para a nossa cidade. Nós, agora, vamos construir mais duas escolas, estamos reformando e ampliando as nossas escolas para o período integral, isso já está sendo feito. Então, são tantas coisas que vêm fazendo o PIC, que a gente fica aí, com certeza, pensando no futuro da cidade. Assim como as UPAs também, que são um investimento grande que nós estamos fazendo, de reforma das UPAs, assim como nós também vamos fazer mais obras, são mais dois ou três CAPs que ainda podemos fazer, e vamos cada vez mais investir na infraestrutura, principalmente na educação e na saúde. Na saúde pública, também a gente sabe que sempre tem que estar construindo, o tempo inteiro, da mesma forma que a educação. A educação, eu já entreguei quatro creches, de zero a três anos (de idade) eu já zerei a fila, vou entregar mais quatro (creches) agora, neste mês, e vão sobrar ainda 500 vagas que eu vou deixar para possíveis pessoas que venham a se mudar para a cidade ou outras que realmente forem aparecendo, que vão nascendo e que a demanda vai aumentando, eu tenho 500 vagas ainda de sobra. Com isso, atendendo essa grande chamada nossa, que é cuidar bem das pessoas. E cuidar das pessoas não para por aí. Hoje nós temos o projeto Cuidar, que é implantado pela Maria dos Anjos, a nossa presidente do Fundo Social, que cuida realmente das pessoas, desde a mamãe que está grávida, até a criança quando nasce, entregando o kit e também colocando-a em acesso aos equipamentos públicos, ao serviço público e não passa só por aí também. Nós também fazemos qualificação, porque hoje o serviço do Fundo Social não é só entregar a cesta básica e atender só na questão da fome da pessoa, mas é qualificá-la para colocar no mercado de trabalho para que ela possa comprar o seu alimento, pagar o seu aluguel e ter o seu sustento. É mais do que a gente ficar fazendo assistencialismo.
Acredite, porque da mesma forma que a cidade vem crescendo, ela vai continuar crescendo e nós vamos acelerar cada vez mais e olhar cada vez mais para aquele que mais precisa.
ZEZÉ GOMES
Prefeito de Hortolândia
E o senhor já tocou nessa resposta, num ponto que eu vou abordar agora, justamente o ensino infantil. Porque Hortolândia conseguiu zerar a fila de espera por vagas em creches. Estabeleceu uma parceria com ONGs municipais que possibilitaram a conquista que teve um superávit, criou-se um superávit de vagas, que são justamente essas 500 vagas a mais. Isso gerou reconhecimento internacional da Unesco. O que significa esse reconhecimento?
Esse reconhecimento, lá no Canadá, que o nosso secretário não pôde ir por causa do aniversário da cidade, mas o secretário de Educação, Fernando Moraes, foi. É um reconhecimento pelo currículo próprio. É o reconhecimento pela qualidade do ensino que nós temos na nossa cidade que cada vez mais aumenta, e eu tenho que estar aumentando inclusive o número de vagas, até porque as pessoas estão tirando do particular e trazendo para o público devido à qualidade que nós temos. Então, graças a Deus, a gente pode proporcionar isso, e isso chama o quê? Cuidar bem das pessoas. Cuidar das pessoas é gerar para elas emprego, escola de qualidade, saúde. Então tudo isso é um combo que a gente coloca para que as pessoas possam utilizar.
Junto com a educação, o seu governo também fez um importante investimento em cultura, tanto no apoio dos artistas locais quanto também trazer artistas já renomados para dar mais lazer, mais diversão para o povo hortolandense. No que a cultura é importante para a população?
Eu investi bastante na cultura, porque a cultura entra na casa das pessoas. Mais do que os shows que nós temos, que agradam as pessoas, que levam alegria para o coração das pessoas, a gente também qualifica. Hoje nós temos a escola de música, a gente tem também a escola de circo, criada aqui na cidade. Então, a gente vai descobrindo os novos talentos aqui dentro da cidade. A valorização dos artistas da cidade foi fundamental também com esse trabalho da cultura. E às vezes as pessoas pensam que é só o artista que vai lá cantar que a prefeitura contrata. Nós contratamos até muito poucos artistas. Nós valorizamos a prata da casa, os nossos artistas. E, com certeza, quando você tem a escola de música, você vê o garoto estudando música, quando você vê a escola de circo, as crianças aprendendo o que é um circo e tendo a sua formação, isso é motivo de muita alegria para nós. Hoje nós temos muitos artistas na cidade que foram muito valorizados com a Lei Paulo Gustavo, com a (Lei) Aldir Blanc e a gente vem fazendo esse diferencial na cultura do nosso povo. Hoje vem gente de outra cidade participar e atuar na nossa cidade, devido à valorização, inclusive dos fazedores de cultura da nossa cidade.
E é um importante nicho econômico, também. A cultura movimenta bastante investimento, atrai bastante recursos para o município. É uma indústria criativa…
A cultura move a economia da cidade e, com certeza, hoje eu fico muito feliz em saber que o artista da minha cidade não tem só uma carteirinha de artista. Ele consegue sobreviver da profissão dele. Então, isso também incentiva aquelas pessoas que têm o dom a entrar na escola aqui na nossa cidade e fazer com que o sonho dele também seja realizado.
Prefeito, quando se iniciou a gestão, há oito anos, que já vinha fazendo esse trabalho de investimento na cidade, ela tinha uma característica. Agora, no dia 31 de dezembro, se encerra essa gestão. Observando lá atrás, olhando ainda o que se tem para fazer hoje, qual que é a Hortolândia que o senhor não almeja entregar no dia 31 de dezembro? Há ainda o que fazer, o que se investir na cidade, pensando para o futuro?
Há muito o que se fazer na cidade, com certeza. Eu vou chegar em 31 de dezembro olhando tudo o que eu fiz, um olhar para aquelas coisas que eu lembro lá de atrás. Eu coloquei as crianças todas na escola, que era um sonho desde quando eu estava vereador.
Eu vou lembrar dos campos de futebol que eu reformei, que eu entreguei. Eu vou lembrar das áreas de cultura, e saber que eu tenho muito ainda a fazer. Saber que o próximo prefeito tem um desafio muito grande ainda, que são coisas planejadas para se fazer. Porque a gente planeja a cidade para 20, 30 anos à frente. Então, a continuidade disso é muito importante. E nós que planejamos a cidade 10, 20 anos à frente, a gente sabe detalhe por detalhe. Mas a gente sabe aonde a gente quer chegar e o que o povo da cidade precisa. E isso é um trabalho que a gente vem a cada dia tendo esse olhar, pesquisando os bairros, olhando para cada um, olhando para cada morador e sabendo da satisfação dele de morar na cidade.
E nesse tempo de gestão, qual obra ou política pública que o senhor realizou, e considera como o maior feito da sua gestão?
Olha, o maior feito da minha gestão, quando eu assumi essa gestão aqui com a morte do saudoso Ângelo Perugini, eu fiquei pensando, “o que eu vou fazer?”. Porque eu peguei uma Ferrari a 350 km por hora e eu não posso reduzir ela, não é? Eu tenho que acelerar ainda mais e ainda fazer algo diferente. Quando a gente fala do Paço Municipal, eu inovei e coloquei energia fotovoltaica, que é a energia limpa, e fiz muito mais e levei o conceito de Hortolândia a ser reconhecida no mundo. Então, eu acho que é isso o que a gente deve fazer, cada vez mais inovando à medida que o mundo vai exigindo isso.
Que mensagem o senhor gostaria de deixar para a população de Hortolândia?
Acredite, porque da mesma forma que a cidade vem crescendo, ela vai continuar crescendo e nós vamos acelerar cada vez mais e olhar cada vez mais para aquele que mais precisa. Pode ter certeza disso, que nós não vamos parar com isso, que é o cuidar das pessoas e acelerando para o crescimento da cidade, que é um crescimento de muito emprego, de muita qualidade de vida, dar moradia digna para o nosso povo e, com certeza, aumentar cada vez mais o conceito dessa cidade inteligente e sustentável, porque é isso que o povo espera de um gestor público.
